São Paulo, domingo, 10 de junho de 2001

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Lobistas têm patrimônio de R$ 12 mi

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O patrimônio dos principais proprietários de escritórios de lobby que atuavam na extinta Sudam, José Geraldo da Silva e Maria Auxiliadora Barra Martins, ultrapassa R$ 12 milhões. Além de conseguir aprovação irregular de projetos para terceiros, eles também tiveram financiamento para suas próprias empresas.
Ambos afirmaram que só vão comentar a investigação quando forem chamados à Justiça.
Aposentada como contadora da Sudam em 1995 com pensão mensal de R$ 1.300, Maria Auxiliadora possui cerca de R$ 7 milhões em bens.
Todo o patrimônio dela e do marido, Antônio Peixoto Pontes, está indisponível por decisão judicial que concedeu liminar em ação movida pela AGU (Advocacia Geral da União).
A explicação para o patrimônio está na gerência de projetos de financiamento da Sudam. Tanto Maria Auxiliadora quanto o GPS, escritório de Silva, formalmente, ficaram com 3% do valor dos projetos de terceiros liberados por eles junto a Sudam. Maria Auxiliadora conseguiu a liberação de R$ 248,6 milhões e GPS liberou R$ 44,6 milhões. Todas as liberações estão sob suspeita.
"A indisponibilidade dos bens da Maria Auxiliadora foi nossa maior vitória no sentido de o governo reaver os recursos desviados da Sudam", afirmou o interventor da antiga autarquia, o hoje secretário especial José Diogo Cyrillo. Maria Auxiliadora divide seus negócios entre o Pará e Macapá. Entre seus bens estão três aviões e quatro fazendas, todas com sedes construídas em estilo colonial e após ela se aposentar da Sudam, em 1995.

Boiada
Em uma das duas fazendas que possui no Amapá, controlada pela Agropecuária Monte Verde, ela obteve um financiamento de R$ 11,6 milhões na Sudam. Deste total, R$ 400 mil foram liberados para ela desenvolver uma boiada de engorda na propriedade.
O oficiais de Justiça concluíram na sexta-feira o levantamento do patrimônio de Maria Auxiliadora. A AGU também vai requerer a indisponibilidade dos bens de GPS. O patrimônio do empresário está avaliado em mais de R$ 5 milhões, em levantamento preliminar. Em três empresas-a Paris Turismo, Fazenda Barranco Alto e Amapativa Agropecuária-, GPS conseguiu verba da Sudam. Os valores liberados aos projetos pessoais de GPS ainda estão sendo levantados pela Sudam por requisição da PF e da Procuradoria da República.
A PF diz já ter provas de que 2 das 7 empresas de GPS foram criadas apenas para dar suporte aos projetos de terceiros intermediados por ele junto à Sudam.
(ARI CIPOLA)

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