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São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2003

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CONTAS CC-5

Acordo com PSDB, que tem membros supostamente envolvidos, dá presidência a tucano e relatoria a petista

Planalto deve controlar CPI do Banestado

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto considera inevitável a instalação da CPI do Banestado e resolveu tomar a frente do processo indicando deputados de sua confiança para dirigir a investigação. O tema da CPI serão os cerca de US$ 30 bilhões que teriam saído do país irregularmente na segunda metade da década de 90, por meio do então banco estatal do Paraná.
Ontem à tarde, estava quase certo que o presidente da CPI do Banestado seria o deputado Custódio Mattos (PSDB-MG), ligado ao governador Aécio Neves (MG).
A relatoria será entregue ao deputado José Mentor (PT-SP), que é de estrita confiança do ministro da Casa Civil, José Dirceu, e também da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT).
A decisão de instalar a CPI do Banestado foi tomada nos últimos quatro dias. Segundo a Folha apurou, José Dirceu falou com dirigentes petistas e tucanos para fazer todos os acertos.
Houve muita resistência da Câmara, sobretudo do presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP), de montar uma operação para arquivar a CPI. Por essa razão, decidiu-se que a investigação vai ocorrer, mas deverá ser sumária e sob o controle total do Planalto.
O PSDB foi chamado para o acerto porque há tucanos entre os possíveis envolvidos com o envio de dinheiro irregular para o exterior, segundo dados preliminares do caso. O PFL, que também tem políticos citados, ficou numa posição menos relevante.
Com a presidência da CPI nas mãos de um deputado do PSDB, o PT imagina que conseguirá uma contrapartida dos tucanos, que não pressionariam pela instalação de uma investigação sobre os supostos desvios de dinheiro na Prefeitura de Santo André (SP), comandada por petistas.
Já a posição de menos relevância do PFL será conveniente para o PT. Fragilizado durante o processo, os pefelistas poderão ser forçados a adotar uma atitude menos oposicionista.
Além de José Dirceu, Aécio Neves e João Paulo, participaram das negociações para instalar uma CPI controlada José Genoino (presidente nacional do PT), Nelson Pellegrino (líder do PT na Câmara), José Aníbal (presidente nacional do PSDB) e Jutahy Júnior (líder do PSDB na Câmara).
Decidido como seria o processo, ontem o clima na base governista era de calmaria. "O PT indica todos, sem problema", afirmou líder petista Nelson Pellegrino.
Com 24 integrantes, a CPI pode ser instalada após a indicação de 13 membros. PT, PMDB e PSB indicam oito. Caso os líderes se recusem a fazer as indicações, o presidente da Câmara, João Paulo, pode fazê-las.


Colaborou, RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília


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