São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Oportunidade

Rubens Ricupero diz que é o maior evento da ONU no Brasil desde a Eco 92, no Rio. E é "oportunidade ímpar para o Brasil afirmar sua liderança".
Pode ser, mas o encontro da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, dirigida por Ricupero, é uma bela de uma oportunidade eleitoral para Marta Suplicy.
A Prefeitura de São Paulo, que apóia o evento junto com o governo Lula, já distribuía cartazes pelas avenidas da cidade, ontem -anunciando que São Paulo é, afinal, o centro do mundo.
A Globo veio na seqüência, nos telejornais locais, falando em "território internacional em São Paulo" e noticiando a instalação das "bandeiras de 192 países". Não faltou nem o turismo dos que já estão chegando para o encontro, que começa no domingo:
- Um americano se encantou com a estação da Luz e disse que a vibração lembra Nova York.
 
E é só o começo. O site do Sesc informa que, em duas semanas, "São Paulo será o ponto de convergência de diferentes" culturas. É o Fórum Cultural Mundial, primo do Fórum Social Mundial.
Vai ter filme do chinês Zhang Yang, a dança do senegalês Germaine Acogny, a nova peça de Antunes Filho etc. Tudo em São Paulo, neste ano de eleição.
 
Ricupero segue em entrevistas sem fim, ontem à RBS. E a Globo On Line diz que Lula disputará os holofotes da ONU, no domingo.
Pelo que se anuncia, o secretário-geral Kofi Annan vai estar presente, mas também Hugo Chávez, presidente da Venezuela.
O peso maior vem às reuniões paralelas -uma do G20, grupo liderado por Índia, África do Sul e Brasil; outra do "não-grupo dos 5", como o "Valor" descreve os "principais atores das negociações agrícolas internacionais".
Segundo a Bloomberg, até o representante comercial dos EUA, que um dia Lula chamou de "sub do sub do sub", estará em São Paulo para tentar ressuscitar as negociações globais de comércio.

DGT Filmes/Reprodução
"ALMA DA ÍNDIA" Às vésperas do encontro da ONU, que terá o país entre os seus protagonistas, a rede STV, ligada ao Sesc, vem apresentando um documentário 100% brasileiro, fora algumas "cenas raríssimas" de Gandhi (acima), sobre a Índia de hoje.

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

No Rio Trade Week, que antecede a conferência da ONU em São Paulo, o "destaque" são as negociações de Brasil e Índia, segundo a estatal Agência Brasil. Mas um enviado indiano não anima ninguém: "O custo é alto, a distância é grande". De todo modo, segundo o "Valor", o Unibanco fechou acordo com o Banco de Exportações e Importações da Índia, para crédito de parte a parte.
Já na Índia, o jornal "Business Standard" publicou um texto ontem se perguntando se "o governo de esquerda do Brasil tem alguma lição a dar" ao governo indiano de esquerda, recém-empossado. A resposta foi não.

Canino
A poucos horas de viajar para "cinco dias de descanso" em Buenos Aires, segundo "O Globo", o ministro José Dirceu surgiu na Globo News com o olhar cansado e disse.
- Tenho uma lealdade canina ao presidente Lula, todo mundo sabe. Faz dez anos que eu sirvo ao presidente Lula.
A "lealdade canina" foi manchete por todo lado, dos sites aos telejornais.

A serviço
E tinha mais, do ministro:
- Estou a serviço do ministro Aldo Rebelo. Vou cumprir o que ele me determinou. Ele é o articulador político do governo. Ele determina o que os outros ministros devem fazer.
Foi o que o desagravo de João Paulo fez a José Dirceu.

Vergonha
Não é o salário mínimo que interessa ao Senado. Na descrição do blog de Ricardo Noblat, durante o dia de ontem:
- O Senado vive uma jornada de vergonha -ou de falta dela. Primeiro, aprovou para o TCU um senador investigado pelo desaparecimento de R$ 13 milhões. Segundo, violentou o próprio regimento para votar às pressas, abrindo e fechando sessões com intervalos de um ou dois minutos, a emenda que recupera 40% das vagas de vereadores cortadas pela Justiça.

Juízo
Mas era só o começo:
- O tempo fechou quando o senador Jéfferson Perez denunciou o que os outros senadores fingiam não ver. Almeida Lima apoiou. Antonio Carlos (Magalhães) atacou Almeida Lima e baixou o nível. Gabou-se até da própria virilidade... Antonio Carlos vem pouco a pouco perdendo o juízo político.

Pássaros
A Folha deu a declaração do economista tucano Edmar Bacha:
- Como tucano de bom bico, eu não devia fazer isso: Talvez nem vá dar para a gente em 2006, se as coisas continuarem desse jeito.
Falava da trajetória "positiva" da política econômica de Lula.
Segundo a Globo On Line, José Serra disse, por sua vez, que não teme que a recuperação da economia ajude os candidatos petistas na eleição deste ano. E "alfinetou":
- Espero que seja um vôo de pássaro e não de galinha.

"Reforço"
Um vereador tucano saiu em defesa dos peemedebistas quercistas, na Jovem Pan, dizendo ser "uma afronta a ação do PT sobre o PMDB". Já o "DCI", jornal de Orestes Quércia, destacou:
- Orestes Quércia reforça candidatura Michel Temer.

Debate
O economista Paulo Nogueira Batista Jr., próximo ao PT, escreve longamente sobre a "vulnerabilidade da economia" no site Carta Maior -e conclui que "é muito cedo para comemorar".
Não para o ministro Palocci, segundo o qual o país "está blindado", ou para Míriam Leitão, no Bom Dia Brasil:
- O país está menos vulnerável.

Duro...
Em meio às negociações argentinas com o FMI, o "La Nacion" entrevistou o presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, que sublinhou que "o Brasil tem uma estratégia diferente da Argentina e honrará sua dívida".

... e direto
Meirelles deu, para o correspondente, "uma resposta dura e direta às preocupações argentinas":
- Sugiro que não se preocupem com o Brasil. Preocupem-se com seus problemas.


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