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ELEIÇÕES 2006/MÁQUINA PÚBLICA
Sem dinheiro, Lembo segura gastos em SP
Sucessor de Alckmin herda Orçamento superestimado e promove corte em despesas que pode chegar a R$ 1,5 bilhão
Arrocho ocorre apesar de
as receitas do Estado terem
crescido; para deputado
do PFL, houve excesso de
gastos no início do ano
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
Cláudio Lembo (PFL), determinou a suspensão de gastos de
quase todas as áreas do governo
e centralizou no Palácio dos
Bandeirantes a liberação de recursos, na tentativa de equilibrar as finanças do Estado. O
contingenciamento pode chegar a R$ 1,5 bilhão.
A medida foi adotada após a
Secretaria da Fazenda anunciar uma frustração de receita
de R$ 311 milhões nos primeiros meses do ano. Apenas saúde e educação estão fora do corte. "O resto, tudo eu tenho que
aprovar [antes de gastar]."
Essa frustração de receita
ocorreu num período em que a
arrecadação de ICMS, principal fonte da receita do Estado
(representa 90%), apresentou
crescimento de 7,2% em comparação ao ano passado. Saltou
de R$ 12,1 bilhões, no primeiro
quadrimestre de 2005, para R$
13 bilhões, neste ano -um incremento de R$ 878 milhões.
A explicação para isso é que o
governo estimou, no Orçamento deste ano, um crescimento
de 16% nas receitas, volume
considerado irreal por especialistas. "Pelo histórico de crescimento do Estado, acho impossível", disse Paulo Arvate, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas.
Para o presidente da Comissão de Finanças e Orçamento
da Assembléia, José Caldini
Crespo (PFL), "há suspeitas e
evidências" de que os problemas financeiros estão ligados
ao calendário eleitoral.
"Houve um trenzinho da alegria nos últimos dias do governo Alckmin. Isso é que deve ter
atrapalhado o Lembo agora, só
pode ser. Gastaram muito mais
do que deveriam em fevereiro e
março", disse o parlamentar.
"O Lembo não pode ou não
quer denunciar isso, mas vamos denunciar tão logo as informações cheguem à Assembléia." A comissão de Finanças
enviou requerimento ao governo em que pede informações
sobre os gastos de Alckmin.
O secretário da Casa Civil,
Rubens Lara, não nega nem
confirma terem sido gastos
exagerados um dos motivos da
crise financeira, mas não esconde o problema. "Se numa situação você tem uma adversidade, se o recurso é menor daquele que você tinha expectativa, você tem que se adequar."
Lara trabalha como interlocutor de Lembo na Assembléia.
Ele tenta acalmar os parlamentares que querem liberados os
R$ 433 milhões do pacote de
emendas (pontuais e regionais)
aprovadas no Orçamento.
A pressa dos deputados ocorre porque algumas despesas,
como convênios com prefeituras, só podem ser feitas até o dia
30 deste mês. Nessas emendas
estão indicações dos parlamentares para seus redutos eleitorais. "Não queremos ser mais
do que ninguém, mas não aceitamos ser menos", disse o líder
do PMDB, Baleia Rossi.
"Culpa do governo federal"
O líder do Governo, Edson
Aparecido (PSDB), admite superestimação do Orçamento,
mas culpou o governo federal.
"O país não cresce, o país não se
desenvolve, você tem queda de
arrecadação. Nós estamos pagando o preço de uma política
econômica absolutamente nefasta do governo do PT."
Por meio de nota, Alckmin
negou ter superestimado o Orçamento e, também, ter feito
gastos exagerados. O ex-governador disse que as finanças estão "em equilíbrio". "Como demonstram os relatórios da Secretaria da Fazenda, disponíveis no site oficial", disse.
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