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Juíza manda liberar 540 presos durante invasão da Câmara
Outros 42 integrantes do MLST continuarão presos, entre eles, o principal líder do movimento, Bruno Maranhão
Procurador da República faz pedido de soltura, alegando que prisão de maioria de militantes é "insustentável", pois não há formalização
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A juíza Maria de Fátima Costa, da 10ª Vara Criminal da Justiça Federal em Brasília, acolheu ontem solicitação do Ministério Público Federal e decretou que 540 militantes do
MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), detidos na
última terça-feira durante a invasão e depredação da Câmara
dos Deputados, fossem soltos.
Somente 42 manifestantes
que participaram dos atos de
vandalismo continuarão presos no Complexo Penitenciário
da Papuda, em Brasília.
Às 17h30, a Polícia Federal,
que assumiu as investigações
sobre o caso, encaminhou um
ofício com a ordem de soltura à
Papuda. A expectativa era de
que os militantes fossem liberados ontem à noite, o que não
havia acontecido até a conclusão desta edição.
Entre os que continuarão detidos estão Bruno Maranhão,
principal líder do MLST, Arildo
Joel da Silva, identificado como
tendo atirado uma pedra em
um segurança da Câmara, e
Francielle Denizia Asencio, a
jovem que depredou terminais
de computadores do Congresso
durante a invasão.
O procurador da República
Valtan Furtado chamou a invasão de terça de "manifestação
multitudinária violenta". Ele
argumentou à Justiça Federal
que a manutenção da maior
parte dos militantes na prisão
era "insustentável", já que a
formalização das prisões ainda
não havia sido feita, mais de 48
horas depois do ocorrido.
Também disse que, fora os 42
sem-terra indicados pela PF,
não havia contra os outros
"maiores elementos indicativos que possam apontar a prática de um ou mais crimes".
Furtado ressaltou que a partir
da qualificação e registro fotográfico desses presos que seriam liberados, é possível futuramente esclarecer seus níveis
de envolvimento no episódio.
Os 42 militantes que continuarão presos são acusados de
crimes como lesão corporal
grave, formação de quadrilha,
crime contra o patrimônio público e corrupção de menores.
A prisão em flagrante foi efetuada pela Polícia Judiciária da
Câmara dos Deputados, mas o
caso passou nesta semana à PF.
Até ontem, o número de presos é divergente. A Polícia Militar dizia que 582 pessoas foram
levadas ao presídio.
No entanto, a Justiça Federal
só recebeu uma relação em que
constam nomes de 501 presos
durante o episódio na terça.
Ônibus
Ontem à tarde chegaram dois
ônibus para buscar os manifestantes no complexo da Papuda.
Um deles, com placa de Goiânia, tem um adesivo da Central
Única dos Trabalhadores
(CUT) no canto direito do vidro
da frente. O presidente da CUT
de Goiás, José Antônio de OLiveira Lobo, negou que a entidade tenha sido responsável pela
contratação do veículo. "Não há
decisão da executiva sobre isso", afirmou. Os dois ônibus
iriam para Itaberaí, em Goiás.
À noite eram nove os ônibus
esperando pelos detentos na
Papuda. Um deles, que iria para
Imperatriz, no Maranhão, foi
alugado por R$ 1.200, segundo
um recibo.
O valor foi pago, diz a nota,
pela Anara (Associação Nacional de Apoio à Reforma Agrária). A entidade, ligada ao
MLST, teria recebido, segundo
o site Contas Abertas, cerca de
R$ 5,6 milhões dos cofres públicos durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Boris Trindade,
advogado de Bruno Maranhão,
o líder do MLST informou que
o movimento irá pagar os prejuízos com a invasão. A Câmara
estima os estragos em R$ 102
mil. Também foi depredado um
Fiat Uno Mille.
(LETÍCIA SANDER, ADRIANO CEOLIN E RANIER BRAGON)
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