São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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Toda Mídia

Nelson de Sá

"Escravos!", "guerra!"

Com base em relatório do Departamento de Estado, as edições de Europa e Ásia do "Wall Street Journal" deram ontem editorial questionando o Brasil pela "escravidão" ou "trabalho forçado" na produção de etanol, "uma tendência crescente", e minério de ferro.
Ontem também, um editorial do "New York Times" questionou que a "política interna das nações mais desenvolvidas" evitou resultados mais concretos no encontro da ONU sobre a fome. Centrou fogo nos subsídios ao etanol de milho, mas registrou que "os EUA não estavam sós" e "o Brasil também rejeitou pressões para conter a produção de biocombustíveis".
Por outro lado, aqui e ali, como num artigo do "Guardian" no final da semana, é possível ler títulos tipo "Não culpem biocombustíveis do Brasil" e sim os "verdadeiros vilões" -os subsídios de EUA e Europa. E ontem, no "Café com o Presidente", Lula repetiu que o país vai vencer a "guerra" dos biocombustíveis.

TUPI E OS NACIONALISTAS

Da entrevista de Guido Mantega ao "Financial Times", o jornal tirou ontem um segundo enunciado, de que os "Campos de petróleo do Brasil devem transformar sua economia". O governo fala em até 50 bilhões de barris nos novos campos, o que, somado às reservas atuais, faria do Brasil "o oitavo país em petróleo, ultrapassando a Rússia".
A partir daí, porém, a reportagem foca a "preocupação da indústria" quanto ao controle sobre os novos campos, ecoando pressões contra a "ala nacionalista do governo".

O SHOW GLOBAL...
O economista Tyler Cowen listou em artigo, domingo no "New York Times", os benefícios da globalização, como os 400 milhões de chineses que deixaram a miséria ou "a classe média do Brasil", que "está florescendo". E pediu resistência ao neoprotecionismo.
Deixou no fim a previsão otimista de que, em décadas, o mundo vai olhar para trás e ver que, na entrada do século, "a era moderna do livre comércio estava só começando".

TEM QUE CONTINUAR
Já o editorialista Frédéric Lemaître, ontem no "Le Monde", abordou Porto Alegre e o aniversário dos atos "antiglobalização" de Seattle. E lembrou como "Lula escolheu seu campo, a exemplo dos colegas chineses, indianos e sul-africanos: o Brasil seria protagonista da globalização liberal".
Mas agora, alerta ele, a "tentação protecionista" está de volta, não aqui, mas por França, Itália. Nesta, com ataques à "ditadura do mercado total".

OBAMA, LULA NÃO

Gary Younge, colunista do "Guardian", escreveu ontem sobre como Barack "Obama poderia iniciar um terremoto" nos EUA. Para tanto, abriu longamente seu texto com a trajetória de Lula -e como, em 2002, ao vencer, "a mão invisível do mercado o agarrou a caminho da posse e tirou o que restava nele de socialismo". Citou Frei Betto, então com Lula, "nós estamos no governo, mas não no poder", que prosseguia com o capital. Younge quer que a "esperança" lançada por Obama tenha uma história diferente.

E CABE RECURSO

"Jornal Nacional"
Valério, três meses atrás, já "na condição de réu", na Globo


Na temporada de escândalos e contra-escândalos, renasceu mais um, ontem, em algumas manchetes on-line. Marcos Valério, o operador do "mensalão", no dizer do procurador-geral da República, foi condenado em Minas Gerais por "falsidade ideológica".
Só que a "pena de um ano de prisão", registrou a Folha Online, "foi substituída por multa" de apenas dois salários mínimos e "prestação de serviço comunitário". E tem mais, registrou o Globo Online: "Cabe recurso".


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@ - Nelson de Sá


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