São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Nova lista de desmatadores exclui Incra

Órgão do governo responsável por assentamentos era o líder de levantamento divulgado em setembro do ano passado

De acordo com área técnica, atual lista, sobre o Estado de Mato Grosso, só inclui quem será processado, o que não é o caso de terras da autarquia

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério do Meio Ambiente divulgou ontem nova lista de desmatadores. Dessa vez, no entanto, optou por não incluir o Incra, órgão responsável pelos assentamentos do programa de reforma agrária, que figurou como principal desmatador na lista tornada pública em setembro do ano passado.
O ministério explicou que só aparece na lista quem será acionado na Justiça pelo governo, o que não é o caso do Incra. "Muitos assentamentos desmatam muito. Eu sei que alguns jornalistas gostariam que o Incra estivesse sempre nas cabeças. Às vezes ele está na frente, às vezes está no meio, às vezes está atrás. É que nem o Vasco, às vezes está na primeira divisão, às vezes na segunda", afirmou o ministro Carlos Minc.
Depois de o ministro falar, um técnico explicou que os desmatamentos em assentamentos estão sendo tratados em uma câmara de conciliação na Advocacia Geral da União.
Ontem, Minc divulgou uma lista de 75 pessoas ou empresas que desmataram irregularmente ou comercializaram madeira de forma ilegal no Estado de Mato Grosso. Todos serão processados pelo governo na Justiça. No total são 80.204 hectares (cada hectare corresponde a aproximadamente um campo de futebol) de floresta derrubada e 58.774 (cerca de 3.000 caminhões) de madeira comercializada ilegalmente.
Quem mais devastou a floresta, segundo o ministério, foi Rosane Sorge Xavier, responsável pela derrubada de 16.024 hectares. "Essa moça deve ser a rainha da motosserra", disse Minc. Sorge Xavier não foi localizada pela reportagem.
A principal empresa que comercializa madeira ilegal, pela lista, é a Lagoa das Conchas Agrofloresta, com 13.508 metros cúbicos (aproximadamente 650 caminhões). A empresa informou que está na Justiça contra as atuações do Ibama, que a madeira foi retirada de uma área de manejo aprovada pelo órgão ambiental de Mato Grosso e que houve falhas no processo de fiscalização.
Minc explicou que a primeira lista, divulgada em setembro com os cem maiores desmatadores, incluía fiscalizações feitas nos Estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia. A próxima lista deverá conter o resultado de fiscalizações feitas no Pará.
Minc defendeu que a Justiça tenha varas especializadas em julgar crimes ambientais.

"Pancada" nos pecuaristas
O ministro afirmou que os plantadores de soja estão cumprindo acordo feito com o governo e não são mais os responsáveis por desmatamento na Amazônia. Já os pecuaristas, segundo ele, estão fora de controle. "A turma da pecuária não cumpriu o acordo. Vai levar pancada. Vai perder o crédito até entrar na linha", disse.


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