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análise
Adiamento da CPI também é útil à oposição
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
A oposição vai protestar
diante da nova tentativa
frustrada de instalar a CPI da
Petrobras, mas a verdade é
que o adiamento vem bem a
calhar não só para o governo
mas também para PSDB e
DEM, que ainda tentam calibrar o discurso e a ação para
parecer que investigam a
empresa, mas sem ferir seus
interesses comerciais.
Os tucanos se assustaram
com a atitude agressiva adotada pela Petrobras em vários fronts desde que a CPI
saiu do papel. Primeiro, veio
o discurso de que o PSDB
quer privatizar a empresa,
um símbolo nacional.
Depois, instados pela diretoria da estatal, empresários
passaram a telefonar para
caciques do PSDB deixando
claro que prejuízos aos seus
contratos significariam menos combustível nas bombas
das campanhas de 2010.
Diante de uma CPI que
passou a oferecer mais riscos
do que dividendos políticos,
os tucanos se retraíram. Em
reunião na semana passada
no Rio de Janeiro, montaram um grupo para definir limites às investigações.
A ideia é tentar provocar
danos no núcleo petista-peemedebista que comanda a
empresa, sem arranhar sua
imagem internacional nem
provocar prejuízos comerciais. Como chegar a esse resultado é algo que a oposição
ainda não sabe ao certo. Por
isso o feriadão veio a calhar.
O mesmo suspiro aliviado
ecoa do lado governista. A
tensão entre PT e PMDB para a escalação do presidente
e do relator da CPI já se dissipou nesta semana, mas o novo prazo dá a Renan Calheiros (PMDB-AL) a oportunidade de dizer que fez as consultas necessárias e escolheu
ele próprio o relator -que, a
depender de Lula, será o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).
Desse nome dependerá a
escolha do presidente, considerada menos crucial, uma
vez que cabe ao relator fazer
a agenda de trabalhos e conduzir as conclusões da investigação. Nada mal ter mais
uma semana para desatar
mais esse nó.
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