São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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análise

Adiamento da CPI também é útil à oposição

VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

A oposição vai protestar diante da nova tentativa frustrada de instalar a CPI da Petrobras, mas a verdade é que o adiamento vem bem a calhar não só para o governo mas também para PSDB e DEM, que ainda tentam calibrar o discurso e a ação para parecer que investigam a empresa, mas sem ferir seus interesses comerciais.
Os tucanos se assustaram com a atitude agressiva adotada pela Petrobras em vários fronts desde que a CPI saiu do papel. Primeiro, veio o discurso de que o PSDB quer privatizar a empresa, um símbolo nacional.
Depois, instados pela diretoria da estatal, empresários passaram a telefonar para caciques do PSDB deixando claro que prejuízos aos seus contratos significariam menos combustível nas bombas das campanhas de 2010.
Diante de uma CPI que passou a oferecer mais riscos do que dividendos políticos, os tucanos se retraíram. Em reunião na semana passada no Rio de Janeiro, montaram um grupo para definir limites às investigações.
A ideia é tentar provocar danos no núcleo petista-peemedebista que comanda a empresa, sem arranhar sua imagem internacional nem provocar prejuízos comerciais. Como chegar a esse resultado é algo que a oposição ainda não sabe ao certo. Por isso o feriadão veio a calhar.
O mesmo suspiro aliviado ecoa do lado governista. A tensão entre PT e PMDB para a escalação do presidente e do relator da CPI já se dissipou nesta semana, mas o novo prazo dá a Renan Calheiros (PMDB-AL) a oportunidade de dizer que fez as consultas necessárias e escolheu ele próprio o relator -que, a depender de Lula, será o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).
Desse nome dependerá a escolha do presidente, considerada menos crucial, uma vez que cabe ao relator fazer a agenda de trabalhos e conduzir as conclusões da investigação. Nada mal ter mais uma semana para desatar mais esse nó.


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