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Temer quer vetar "contrabandos" em MPs
Presidente da Câmara afirma que emendas que não tratem do assunto da MP não serão mais aceitas
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Câmara dos
Deputados, deputado Michel
Temer (PMDB-SP), anunciou
ontem que as emendas a medidas provisórias que não tratem
do mesmo assunto do texto original não serão mais aceitas.
A intenção do presidente é
evitar os chamados "contrabandos", que permitem aos
congressistas incluírem na MP
emendas sobre qualquer assunto -como a criação de cargos, por exemplo. O método é
muito usado no Congresso,
pois viabiliza a votação de temas de interesse dos congressistas que teriam de passar antes por comissões de mérito.
As medidas, porém, não trazem nenhuma restrição aos
"contrabandos" incluídos pelo
próprio Executivo, permitindo
ao governo continuar incluindo
nas MPs artigos com conteúdo
diferente da proposta original.
A nova interpretação de Temer é a de que ele mesmo passa
a ser responsável pela análise
das emendas quando a comissão mista (formada por deputados e senadores para análise
das MPs) não é criada. Como a
comissão nunca sai do papel,
ele terá o poder de dizer o que
pode e o que não pode entrar na
medida enviada pelo governo.
Ele alega que terá esse poder,
pois as MPs começam a tramitar pela Câmara. Já quando elas
forem enviadas ao Senado, o
presidente José Sarney
(PMDB-AP) será o responsável
pela análise das emendas. Temer diz que as emendas acatadas pelo plenário do Senado só
poderão ser rejeitadas pelo plenário da Câmara e vice-versa.
Ainda segundo a nova interpretação de Temer, o autor de
uma emenda poderá recorrer
ao plenário caso se sinta prejudicado. Hoje, tanto uma lei
complementar quanto a Constituição e o regimento interno
já proíbem que uma MP trate
de mais de um assunto. Na prática, no entanto, isso nunca é
cumprido pelos congressistas.
"Serão inadmitidas emendas
estranhas ao núcleo material
das medidas provisórias, aí incluída eventual inserção de matéria estranha pelo relator",
disse Temer, ressaltando que
Sarney também apoia a ideia.
O deputado Arnaldo Faria de
Sá (PTB-SP) foi o único a se
manifestar categoricamente
contra a proposta e diz que vai
recorrer contra a decisão de
Temer na CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça). Para
ele, o presidente da Câmara
não poderia alterar uma resolução que trata também de assunto relacionado ao Senado.
O partido do deputado patrocinou o recente "contrabando"
votado na semana passada na
Câmara: numa MP sobre o programa habitacional do governo,
por pressão do PTB, o relator
acatou emenda que criou 284
cargos para a Susep.
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