São Paulo, Quinta-feira, 10 de Junho de 1999
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SISTEMA FINANCEIRO
Relatório do BC à CPI indica dívida da ""parte ruim" do banco; Andrade Vieira depõe no Senado
Bamerindus ainda deve R$ 2,5 bi à União


da Sucursal de Brasília


O Banco Central encaminhou relatório à CPI dos Bancos informando que a parte "ruim" do Bamerindus -a fatia do banco que não foi repassada ao HSBC- ainda deve R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos, dois anos depois da operação de socorro ao banco.
O relatório também informa que o BC enviou ao Ministério Público 12 ocorrências com indícios de ilícitos penais que teriam sido cometidos pelos ex-administradores do Bamerindus. O relatório não informa que irregularidades teriam sido cometidas.
Os dados foram enviados a pedido da CPI, que ouviu ontem o ex-controlador do Bamerindus, José Eduardo de Andrade Vieira.
Em seu depoimento, Vieira disse que recebeu oferta de intermediação para o socorro do banco de Marcos Malan, irmão do ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Vieira disse, entretanto, não se lembrar se a suposta oferta de intermediação foi feita diretamente a ele ou por meio de João Elísio Ferraz dos Campos, ex-presidente do conselho de Administração da Bamerindus Seguradora.
"Na época, não achei que houvesse qualquer necessidade de lobby ou articulação", disse Vieira.
Vieira disse que a parte "ruim" do Bamerindus pagou integralmente o empréstimo levantado do Proer (programa de socorro aos bancos), o que o BC confirma.
Mas, segundo o BC, o Bamerindus "ruim" ainda deve R$ 2,5 bilhões para a conta de reservas bancárias, espécie de conta corrente que todos os bancos têm no BC.
Vieira confirmou essa dívida, mas afirmou que ela serviu para ressarcir depositantes que tinham até R$ 20 mil no banco.
Em 1997, o Bamerindus sofreu intervenção do BC e foi dividido em duas empresas. A empresa boa foi vendida ao banco inglês HSBC. A parte "ruim" sofreu liquidação e está sob as ordens do BC.
O relator da CPI, senador João Alberto (PMDB-MA), disse considerar "obscura" uma compra de títulos da dívida externa brasileira dentro do pacote de transferência da parte "boa" do Bamerindus.
Viera disse que, um dia depois de o Bamerindus sofrer intervenção, o interventor nomeado pelo BC determinou uma compra de US$ 800 milhões em títulos para servir como garantia para recursos injetados pelo HSBC. A CPI estranhou a medida.
Viera disse que, quando era ministro da Agricultura (1995 a 1996), tentou obter do então presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, financiamento para a Inpacel, uma fábrica de papel do grupo Bamerindus. Também disse ter pedido ajuda a Fernando Henrique Cardoso em favor do banco.


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