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ROMBO AMAZÔNICO
Político peemedebista será o primeiro presidente do Senado a ser interrogado pela Polícia Federal
Jader depõe hoje na PF sobre venda de TDAs
ARI CIPOLA
LUÍS INDRIUNAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
A Polícia Federal vai cobrar às
10h de hoje do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB),
em depoimento a ser prestado em
Belém, explicações sobre suas relações com personagens envolvidos em desapropriações de terras
inexistentes e a venda ilegal de
TDAs (Títulos da Dívida Agrária)
no período em que ele foi ministro da Reforma Agrária (87-88).
Jader será o primeiro presidente
do Senado a ser interrogado pela
PF. A ex-mulher do senador, deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA), vai depor às 16h30, no mesmo local que Jader, na sede do jornal da família, o "Diário do Pará".
Jader afirmou na semana passada que não se sente constrangido
com o depoimento: "Fui eu que
pedi a abertura do inquérito pela
Polícia Federal. Portanto, sou a vítima dessa armação". Ele nega envolvimento em irregularidades.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), chegou ontem a Belém para ouvir o depoimento, que será prestado ao delegado Luiz Fernando Ayres Machado, titular do inquérito. Tuma
divulgou uma informação sobre a
desapropriação da fazenda Paraíso (Pará), uma área "fantasma".
Segundo o corregedor, a mulher
do ex-banqueiro Serafim Rodriges de Morais, Vera Arantes Dantas, depositou dois cheques, que
somam mais de US$ 2.000, para o
ex-superintendente-adjunto do
Incra Henrique Santiago, cuja relação com Jader é investigada.
O ex-banqueiro e sua mulher
alegam que compraram 55 mil
TDAs (cerca de US$ 1,6 milhão,
em 1988) do fazendeiro Vicente
de Paula Pedrosa, beneficiado pela desapropriação da Paraíso.
Pedrosa, segundo o casal, foi intermediário de Jader no negócio.
As TDAs acabaram anuladas devido às irregularidades no processo de desapropriação da Paraíso.
No esboço da fraude feito pela
PF, Santiago teria intermediado a
negociata. O titular do Incra no
Pará à época, Ronaldo Barata, disse à PF que Santiago e Pedrosa se
reuniam com frequência para discutir o assunto e que seu ex-adjunto se dizia muito amigo do pai
de Jader, Laércio Barbalho.
Tuma disse ter encontrado a indicação do depósito para Santiago numa agenda de Vera. Agora,
Tuma quer quebrar o sigilo da
conta de Santiago e que a PF investigue as circunstância da morte, num acidente de carro entre
Belém e Salinas, em 1989.
O delegado negou que o depoimento de Jader seria prematuro,
já que não recebeu dados da quebra do sigilo bancário do ex-banqueiro, de sua mulher e de Pedrosa. "O senador terá a chance de
dar sua versão, que pode ser confirmada ou não pelos documentos. Caso não se confirme, podemos colher novo depoimento."
Outro envolvido no caso, Antônio Pinho Brasil, à época secretário de Assuntos Fundiários do Incra, foi condenado pela Justiça
acusado de crime de peculato pela
desapropriação da Paraíso.
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