São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2001

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ROMBO AMAZÔNICO

Político peemedebista será o primeiro presidente do Senado a ser interrogado pela Polícia Federal

Jader depõe hoje na PF sobre venda de TDAs

ARI CIPOLA
LUÍS INDRIUNAS


DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A Polícia Federal vai cobrar às 10h de hoje do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB), em depoimento a ser prestado em Belém, explicações sobre suas relações com personagens envolvidos em desapropriações de terras inexistentes e a venda ilegal de TDAs (Títulos da Dívida Agrária) no período em que ele foi ministro da Reforma Agrária (87-88).
Jader será o primeiro presidente do Senado a ser interrogado pela PF. A ex-mulher do senador, deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA), vai depor às 16h30, no mesmo local que Jader, na sede do jornal da família, o "Diário do Pará".
Jader afirmou na semana passada que não se sente constrangido com o depoimento: "Fui eu que pedi a abertura do inquérito pela Polícia Federal. Portanto, sou a vítima dessa armação". Ele nega envolvimento em irregularidades.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), chegou ontem a Belém para ouvir o depoimento, que será prestado ao delegado Luiz Fernando Ayres Machado, titular do inquérito. Tuma divulgou uma informação sobre a desapropriação da fazenda Paraíso (Pará), uma área "fantasma".
Segundo o corregedor, a mulher do ex-banqueiro Serafim Rodriges de Morais, Vera Arantes Dantas, depositou dois cheques, que somam mais de US$ 2.000, para o ex-superintendente-adjunto do Incra Henrique Santiago, cuja relação com Jader é investigada.
O ex-banqueiro e sua mulher alegam que compraram 55 mil TDAs (cerca de US$ 1,6 milhão, em 1988) do fazendeiro Vicente de Paula Pedrosa, beneficiado pela desapropriação da Paraíso.
Pedrosa, segundo o casal, foi intermediário de Jader no negócio. As TDAs acabaram anuladas devido às irregularidades no processo de desapropriação da Paraíso.
No esboço da fraude feito pela PF, Santiago teria intermediado a negociata. O titular do Incra no Pará à época, Ronaldo Barata, disse à PF que Santiago e Pedrosa se reuniam com frequência para discutir o assunto e que seu ex-adjunto se dizia muito amigo do pai de Jader, Laércio Barbalho.
Tuma disse ter encontrado a indicação do depósito para Santiago numa agenda de Vera. Agora, Tuma quer quebrar o sigilo da conta de Santiago e que a PF investigue as circunstância da morte, num acidente de carro entre Belém e Salinas, em 1989.
O delegado negou que o depoimento de Jader seria prematuro, já que não recebeu dados da quebra do sigilo bancário do ex-banqueiro, de sua mulher e de Pedrosa. "O senador terá a chance de dar sua versão, que pode ser confirmada ou não pelos documentos. Caso não se confirme, podemos colher novo depoimento."
Outro envolvido no caso, Antônio Pinho Brasil, à época secretário de Assuntos Fundiários do Incra, foi condenado pela Justiça acusado de crime de peculato pela desapropriação da Paraíso.



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