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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT X PT
Campo Majoritário não abre espaço e deixa alas minoritárias insatisfeitas; direção do partido será de nomes ligados a Lula
Controle do Planalto sobre o PT se firma
EM SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova Executiva petista consolida o controle do Palácio do Planalto sobre o partido. O Campo
Majoritário, ala que detém cerca
de 60% do PT, não abriu mão de
reter os postos-chave e desistiu de
ceder espaço para as alas minoritárias em nome da unidade interna, como chegou a ser cogitado.
Tarso Genro, o novo presidente
do PT, era a terceira opção da cúpula para substituir Genoino. Tão
logo o choque com a saída dele
amainou, a liderança fechou-se
em uma reunião que foi comparada por um deles a um "concílio".
A sorte do partido foi decidida,
entre outros, pelo ex-ministro da
Casa Civil José Dirceu, pelo líder
no Senado, Aloizio Mercadante
(SP), pela ex-prefeita Marta Suplicy e pelo ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha.
A primeira opção foi Luiz Dulci,
secretário-geral da Presidência.
"Agradeço, mas não é meu desejo. Prefiro continuar meu trabalho junto ao presidente Lula."
Em seguida, foi proposto Marco
Aurélio Garcia, assessor internacional da Presidência. Nova negativa. Tarso, que já freqüentava a
bolsa de apostas e dava sinais de
que aceitaria deixar a Educação,
foi a tentativa seguinte. "Em nome da preservação do projeto do
PT, aceito o desafio", afirmou. Foi
aplaudido e abraçado.
Os demais nomes para compor
a Executiva vieram depois. Para a
tesouraria, um cargo considerado
maldito no partido, foi sugerido o
deputado José Pimentel (CE), um
técnico que relatou a reforma da
Previdência e recentemente perdeu eleição para ministro do Tribunal de Contas da União.
Ricardo Berzoini foi a opção para a Secretaria-Geral, com o entendimento de que é um nome
que transita bem entre as correntes de esquerda.
Humberto Costa para a Secretaria de Comunicação veio como
um prêmio de consolação para
quem acaba de perder o controle
sobre o maior orçamento da
União, a Saúde.
A idéia de colocar três ministros
na Executiva serve ao duplo propósito de manter o PT dócil ao
Planalto e de dar maior peso ao
partido. Saem pessoas egressas da
burocracia partidária, sem respaldo eleitoral, e entram petistas de
grande visibilidade.
Mas o sonho de unificar o partido continua distante. A esquerda
não gostou de ter sido oferecido
um pacote pronto. A tendência
era que seus cerca de 25 membros
no diretório nacional, que tem 83
integrantes, se abstivessem. "Os
nomes são até respeitáveis no
conteúdo, mas o método foi questionável", afirmou o deputado
"radical" Chico Alencar (PT-RJ).
O partido também discutia proposta para adiar a eleição direta
para a direção do PT, marcado
para setembro.(FZ e LC)
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