São Paulo, domingo, 10 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT X PT

Campo Majoritário não abre espaço e deixa alas minoritárias insatisfeitas; direção do partido será de nomes ligados a Lula

Controle do Planalto sobre o PT se firma

EM SÃO PAULO

DA REPORTAGEM LOCAL

A nova Executiva petista consolida o controle do Palácio do Planalto sobre o partido. O Campo Majoritário, ala que detém cerca de 60% do PT, não abriu mão de reter os postos-chave e desistiu de ceder espaço para as alas minoritárias em nome da unidade interna, como chegou a ser cogitado.
Tarso Genro, o novo presidente do PT, era a terceira opção da cúpula para substituir Genoino. Tão logo o choque com a saída dele amainou, a liderança fechou-se em uma reunião que foi comparada por um deles a um "concílio".
A sorte do partido foi decidida, entre outros, pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, pelo líder no Senado, Aloizio Mercadante (SP), pela ex-prefeita Marta Suplicy e pelo ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha.
A primeira opção foi Luiz Dulci, secretário-geral da Presidência. "Agradeço, mas não é meu desejo. Prefiro continuar meu trabalho junto ao presidente Lula."
Em seguida, foi proposto Marco Aurélio Garcia, assessor internacional da Presidência. Nova negativa. Tarso, que já freqüentava a bolsa de apostas e dava sinais de que aceitaria deixar a Educação, foi a tentativa seguinte. "Em nome da preservação do projeto do PT, aceito o desafio", afirmou. Foi aplaudido e abraçado.
Os demais nomes para compor a Executiva vieram depois. Para a tesouraria, um cargo considerado maldito no partido, foi sugerido o deputado José Pimentel (CE), um técnico que relatou a reforma da Previdência e recentemente perdeu eleição para ministro do Tribunal de Contas da União.
Ricardo Berzoini foi a opção para a Secretaria-Geral, com o entendimento de que é um nome que transita bem entre as correntes de esquerda.
Humberto Costa para a Secretaria de Comunicação veio como um prêmio de consolação para quem acaba de perder o controle sobre o maior orçamento da União, a Saúde.
A idéia de colocar três ministros na Executiva serve ao duplo propósito de manter o PT dócil ao Planalto e de dar maior peso ao partido. Saem pessoas egressas da burocracia partidária, sem respaldo eleitoral, e entram petistas de grande visibilidade.
Mas o sonho de unificar o partido continua distante. A esquerda não gostou de ter sido oferecido um pacote pronto. A tendência era que seus cerca de 25 membros no diretório nacional, que tem 83 integrantes, se abstivessem. "Os nomes são até respeitáveis no conteúdo, mas o método foi questionável", afirmou o deputado "radical" Chico Alencar (PT-RJ).
O partido também discutia proposta para adiar a eleição direta para a direção do PT, marcado para setembro.(FZ e LC)

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