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ELEIÇÕES 2006 / ESTADOS
PT e PSDB dividem apoio de mensaleiros em 23 Estados
Antes criticados por elo com mensalão, PP, PL e PTB são disputados em alianças regionais
As três siglas, sem candidato na eleição presidencial, estão em 15 coligações estaduais com petistas e em outras 15 com tucanos
FERNANDO RODRIGUES
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa campanha presidencial em que um dos eixos principais será quem é mais ou menos ligado a casos de corrupção,
o PT e o PSDB fizeram coligações com partidos chamados de
"mensaleiros" -PP, PL e
PTB- em 23 Estados e no Distrito Federal. Quando se inclui
PFL na conta, apenas o Rio de
Janeiro fica de fora.
PP, PL e PTB são chamados
de mensaleiros por terem parlamentares envolvidos no esquema de remuneração financeira ilegal em troca de apoio ao
governo, conforme denunciou
a Procuradoria Geral da República. O próprio PT também se
enquadra nessa categoria, e o
PSDB foi envolvido indiretamente no escândalo -o senador Eduardo Azeredo, que presidiu o partido, foi acusado de
receber recursos do publicitário Marcos Valério em 1998,
quando concorreu à reeleição.
O número de apoios que parte das siglas mensaleiras dá a
coligações petistas e tucanas é
idêntico: 15 a cada. Em alguns
locais, a trinca se divide entre o
partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o do tucano
Geraldo Alckmin.
Em seis Estados, tanto PT
quanto PSDB recebem apoios
de mensaleiros: Amapá, Ceará,
Espírito Santo, Mato Grosso do
Sul, São Paulo e Sergipe. Os tucanos conseguiram apoio da
trinca mensaleira completa em
Goiás, Minas Gerais, Roraima e
Tocantins. O PT não atraiu o
grupo completo em nenhuma
unidade da Federação.
Partido que mais critica o escândalo do mensalão na TV, o
PFL tem atitude bem mais leniente quando o assunto são
alianças locais. Há coligações
de pefelistas com siglas mensaleiras em 15 Estados e no Distrito Federal. Em três localidades, a trinca completa se uniu
com o PFL.
A configuração completa das
coligações nos Estados só será
conhecida em alguns dias -há
casos contestados na Justiça.
As próprias direções nacionais
dos partidos ainda não tinham
noção exata de quais seriam
seus aliados pelo interior do
país. O levantamento foi realizado pela Folha na sexta-feira.
Com a queda da regra da verticalização para alianças partidárias entre siglas sem candidato a presidente, não há combinação política igual em dois
Estados. As coligações são as
mais variadas, pois o Brasil tem
29 partidos e 27 unidades federativas -e quase tudo ficou
permitido, pois só há sete candidatos a presidente já confirmados.
Força das alianças
Quando se observa só a qualidade do potencial eleitoral das
alianças locais e como elas podem, em tese, ajudar os candidatos a presidente, o PSDB e
Alckmin levam alguma vantagem em relação a Lula e ao PT.
O PSDB e o PFL, juntos na
chapa presidencial, também
aparecem coligados em 14 Estados para as disputas locais.
Tucanos e pefelistas tiveram
27,7% dos votos para deputado
federal no país em 2002.
Já o PT e seu parceiro preferencial, o PC do B, conseguiram
união completa nos 26 Estados
e no Distrito Federal. Juntos,
petistas e comunistas registraram 20,6% dos votos para a Câmara em 2002. Outra forma de
medir a competitividade eleitoral de Lula e de Alckmin é verificar em quantos Estados seus
partidos recebem apoio formal
do PMDB. Nessa conta, petistas se saem um pouco melhor
do que os tucanos.
O PSDB está junto com os
peemedebistas em oito disputas estaduais: Alagoas, Distrito
Federal, Espírito Santo, Mato
Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rondônia e Santa
Catarina -eleitorado equivalente a 20,3% do país. O PT coligou-se a peemedebistas na
Bahia, no Ceará, em Minas Gerais, na Paraíba e em Sergipe-
25,4% dos eleitores brasileiros.
Seria incorreto, entretanto,
considerar só alianças formais
para avaliar o potencial eleitoral de cada partido. O acerto
formal rende aos associados a
soma dos seus tempos de TV na
propaganda garantida por lei
-dois terços dos minutos destinados a esse fim são calculados com base no tamanho das
bancadas de deputados federais de cada agremiação.
Mas há muitas coligações informais pelos Estados. O presidente nacional do PDT, Carlos
Lupi, concorre ao governo do
Rio e admite apoio informal
dos pedetistas a tucanos no
Maranhão, Minas Gerais, Pará
e Paraíba. A sigla tem Cristovam Buarque candidato à Presidência. "É necessário respeitar os acordos regionais", diz.
O coordenador da campanha
tucana à Presidência, senador
Sérgio Guerra (PE), se esquiva
quando o assunto é aliança com
siglas envolvidas no mensalão.
"Alguns partidos do mensalão
podem até nos apoiar em certas
áreas, mas os mensaleiros nunca nos apoiariam."
O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), recusa a "estigmatização" de legendas devido à crise do mensalão.
"Sempre rejeitamos a tese de
que os partidos estão comprometidos. Não se pode estigmatizar. O PT também teve problemas, não vai fugir, dizer que
não enfrentou o mesmo processo", afirmou.
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