|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF associa prefeito de SC a fraude ambiental
Dario Berger, do PSDB, teria criado lei
para favorecer dono do resort na capital
Polícia diz que empresário
teria doado R$ 500 mil, sem
declarar, para a campanha
de Djalma Berger, irmão do
prefeito, a deputado federal
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS
A Operação Moeda Verde, da
Polícia Federal, implica o prefeito de Florianópolis, Dario
Berger (PSDB), no suposto esquema de corrupção em favor
de empreendimentos imobiliários da capital catarinense.
Deflagrada em maio, a operação resultou de investigação
com escuta de 26 telefones de
políticos, servidores e empresários suspeitos de fraudes em
autorizações para construir em
áreas de proteção ambiental.
A parte da apuração que envolve Berger foi liberada pela
Justiça Federal para a Câmara
Municipal e para o Ministério
Público do Estado. Contém resumos de conversas telefônicas
que indicam, segundo a PF, que
o prefeito criou uma lei de incentivo fiscal à hotelaria para
atender ao empresário Fernando Marcondes de Mattos, dono
do resort Costão do Santinho,
um dos mais luxuosos do país.
O documento também traz
indicações de que Marcondes
de Mattos doou R$ 500 mil,
sem declarar, para a campanha
de Djalma Berger (PSB), irmão
do prefeito eleito deputado federal no ano passado.
A doação teria sido feita em
setembro de 2006. O projeto de
Berger chegou à Câmara no final de novembro e foi votado
em dezembro. O prefeito vetou
emendas dos vereadores que
beneficiavam pousadas e pequenos hotéis de praia. Em
abril deste ano, a Câmara aprovou a lei com os vetos.
A delegada Julia Vergara, que
preside o inquérito na PF, anotou no relatório que a doação a
Djalma Berger, se recebida, não
foi lançada na prestação de
contas do deputado federal.
Ao despachar o relatório à
Câmara Municipal (onde há
uma CPI do caso) e ao Ministério Público do Estado, o juiz Zenildo Bodnar disse que o inquérito contém ""notícias sérias de
possível infração disciplinar e
indícios graves da prática de
improbidade administrativa e,
em tese, também criminal".
Na sessão de ontem, o presidente da Câmara, Ptolomeu Bitencourt (DEM), e vereadores
de oposição apresentaram projeto para derrubar a lei em razão das suspeitas. A procuradoria da Casa prepara um parecer
para verificar se há elementos
que sustentem um processo de
impeachment do prefeito.
Marcondes de Mattos nega a
doação para o deputado. A assessoria de Dario Berger, que
está em Portugal, também negou a doação ao irmão do prefeito e disse que a lei objetivou
o desenvolvimento do turismo.
Foi a primeira vez, desde que
foi deflagrada a operação, que o
prefeito é citado diretamente
em documentos divulgados. Ao
todo, 22 suspeitos tiveram prisão temporária decretada pela
Justiça, entre eles Marcondes
de Mattos, dois vereadores e
três secretários. Todos estão
em liberdade, mas na semana
passada os vereadores Juarez
Silveira e Marcílio Ávila tiveram os mandatos cassados.
Texto Anterior: Janio de Freitas: Os nomes inverdadeiros Próximo Texto: Tucano se diz "indignado" com acusação Índice
|