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Pressionado, Sarney manda instalar CPI
Gesto visa atender pedido da oposição e tentar conter seu crescente desgaste político após denúncia envolvendo sua fundação
Comissão que vai investigar a Petrobras, porém, só deve começar a funcionar de fato em agosto e ainda depende de acordo com a oposição
VALDO CRUZ
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado por nova acusação, o presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), decidiu ontem determinar a instalação da CPI da Petrobras, na
próxima terça-feira, às 15h,
num gesto destinado a atender
pedido dos partidos de oposição e tentar conter seu crescente desgaste político.
Foi elogiado tanto por tucanos como democratas pela decisão, mas não escapou de novos discursos no plenário pedindo seu afastamento e defendendo que seja investigada a informação publicada pelo "O Estado de S.Paulo" de que a Fundação Sarney desviou recursos
de um patrocínio da Petrobras
-algo negado por ele.
Logo depois que ele deixou o
plenário, começaram os discursos pedindo o seu afastamento.
O primeiro veio do líder do
PSDB, Arthur Virgílio (AM),
que anunciou que encaminhará ao Ministério Público a nova
acusação. Depois foi a vez de
Sérgio Guerra (PSDB-PE),
Agripino Maia (DEM-RN) e
Cristovam Buarque (PDT-DF)
pedirem seu afastamento.
Guerra reconheceu que a
pressão não deve surtir efeito.
"Não é mais o Senado o árbitro
da saída do Sarney, mas o presidente Lula", afirmou.
A amigos, o presidente do Senado disse ontem que, "se
acham que vão me tirar daqui
com essa campanha, estão enganados, vou resistir até o fim".
Entre petistas e peemedebistas, a ordem também é resistir e
proteger Sarney em nome da
aliança dos dois partidos visando a eleição de 2010.
Desde anteontem Sarney estava inclinado a determinar a
instalação da CPI diante da informação de que o STF (Supremo Tribunal Federal) iria acatar pedido da oposição nesse
sentido, seguindo decisão semelhante adotada no episódio
da CPI dos Bingos.
Ontem pela manhã, depois
da publicação do novo caso, decidiu que precisava fazer um
gesto de boa vontade na direção
da oposição. Com isso, a reunião dos líderes governistas,
convocada na véspera para decidir se a CPI seria ou não instalada, foi esvaziada. Quando
chegaram para o encontro, eles
foram informados da decisão.
Ficou acertado, contudo, que
os partidos governistas vão trabalhar unidos para blindar o
presidente Sarney e controlar a
futura CPI da Petrobras.
Os líderes decidiram, porém,
que por enquanto a CPI será
apenas instalada. O início dos
trabalhos, com eleição do presidente e relator, acontecerá apenas se a oposição topar acordo
que devolva aos governistas a
relatoria da CPI dos Bingos, seja arquivada a CPI do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre) e a Lei
de Diretrizes Orçamentárias
seja aprovada pelo Congresso.
A oposição já disse que aceita. O Senado poderá entrar em
recesso após a aprovação da
LDO. E a CPI começará a funcionar de fato só em agosto.
Os líderes fecharam ainda o
discurso de que o caso envolvendo a fundação não tem de
ser investigado pela CPI.
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) disse ontem que a
"demonização" de Sarney é
uma tática para que os escândalos da Casa terminem em "pizza". Em Teresina, a ministra
disse que o governo é a favor de
"apurar", e não de "demonizar". Segundo ela, "há interesses políticos" na queda do presidente do Senado e que os adversários podem estar querendo dar "um golpe".
Com YALA SENA colaboração para a
Agência Folha, em Teresina
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