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Ibama rejeita licença para obra do PAC na Amazônia
Para instituto, o projeto de asfaltamento da BR-319 provoca danos ambientais
Decisão atrasa cronograma da obra, alvo de crise entre os ministros Carlos Minc (Meio Ambiente) e Alfredo Nascimento (Transportes)
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma das mais polêmicas
obras do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) na
Amazônia, o asfaltamento de
trecho de mais de 400 quilômetros da BR-319, que liga Porto
Velho (RO) a Manaus (AM), teve a licença ambiental negada
por parecer do Ibama (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
O parecer técnico de 177 páginas considera o empreendimento "inviável ambientalmente" e aponta "falhas graves" tanto no diagnóstico dos
impactos da rodovia no meio
ambiente como nas medidas
propostas para compensar esses impactos. A chance do asfaltamento obter licença prévia
(anterior à autorização para o
início das obras) foi condicionada à revisão dos estudos e a
medidas de proteção florestal.
"O empreendimento torna-se inviável na medida em que
nem todos os impactos foram
avaliados, muitos foram subavaliados e muitas das medidas
mitigadoras propostas são inexequíveis", conclui o parecer.
O texto diz que a pavimentação de trecho da BR-319 no
Amazonas atingirá uma região
"com alto grau de preservação"
da floresta. E alerta para efeitos
negativos da obra, como o
avanço do desmatamento, a
ocupação irregular e a grilagem
de terras públicas, além da possibilidade de invasão e extração
de madeira das unidades de
conservação próximas.
Diferentemente de outros
processos de licenciamento
ambiental de obras polêmicas
do PAC, como as hidrelétricas
do rio Madeira, desta vez o Ibama resolveu não passar por cima do parecer feito pelos técnicos e liberar o obra.
A decisão compromete o cronograma da obra. O mais recente balanço do PAC, divulgado no mês passado, previa a
conclusão do asfaltamento da
BR-319 no final de 2011. Para
isso, a licença ambiental prévia
deveria ter sido liberada há três
semanas. Não há previsão de
novo prazo para o Ibama reavaliar o empreendimento. "Enquanto as exigências não forem
cumpridas, não tem licença",
disse o ministro Carlos Minc
(Meio Ambiente). "Não é uma
estrada qualquer, corta a região
mais preservada da Amazônia."
O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes) foi cobrado a
apresentar novamente alternativas de modalidades de transportes na região, assim como
novo estudo sobre a hipótese
de não realização da obra.
O asfaltamento da BR-319 é
motivo de disputa na Esplanada há meses, desde quando
Minc freou a liberação da licença à obra, atacada por ambientalistas. Em setembro passado,
foi criado um grupo de trabalho
que propôs a adoção de medidas que viabilizariam a emissão
da licença, mas as ações não teriam sido implementadas, avalia o parecer técnico.
A rodovia corta o Amazonas,
base política do ministro Alfredo Nascimento (Transportes),
que tentou no Congresso mudar as regras de licenciamento
ambiental de rodovias. A pavimentação está suspensa desde
2005, quando a Justiça Federal
do Amazonas exigiu a licença.
Ontem, Alfredo Nascimento
não quis se manifestar sobre a
decisão do Ibama. O Dnit informou que pedirá a revisão do parecer e responderá aos novos
pedidos de informação.
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