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Local de busca no Araguaia sofreu alteração
Comissão vê indícios de solo revolvido em possíveis sepulturas; outro grupo fez ações secretas na região
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MARABÁ
A comissão criada pelo governo federal para buscar ossadas de guerrilheiros no Araguaia encontrou ontem em
uma clareira na selva, dentro de
base do Exército, indícios de
solo revolvido e remoção de
terra. O local seria um possível
ponto de sepultamento clandestino de guerrilheiros.
Há cinco anos, com apoio das
Forças Armadas, uma comissão interministerial montada
no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
a pretexto de procurar ossadas
dos cerca de 60 desaparecidos
realizou, em segredo, ações no
local. Essa comissão foi extinta
em 2007.
Na ocasião, não houve acompanhamento de imprensa e parentes de guerrilheiros. As conclusões constam apenas de relatório, que circulou internamente e acabou na internet.
Antropólogos forenses do
Instituto Médico Legal do Distrito Federal e geólogos da Universidade de Brasília constataram que, anos atrás, o solo da
clareira foi alterado. Foi decidido que o local será escavado,
possivelmente em agosto.
Os membros da comissão foram levados à clareira pelo general Mário Lúcio Araújo, que
comanda o grupo de militares.
Ele afirmou ter recebido ordem
para levá-los ao "ponto pré-determinado" pelo Ministério da
Defesa: a porteira da entrada da
Base de Selva Cabo Rosa, na
margem esquerda da rodovia
Transamâzonica, sentido Tocantins. É uma área militar, de
acesso restrito.
Especialistas em guerrilha do
Araguaia, autores de livros sobre o tema, parentes de guerrilheiros e até militares que atuaram na repressão ao movimento do então ilegal PC do B falam
que as Forças Armadas realizaram, anos após a guerrilha, uma
"operação limpeza" para dar
sumiço aos corpos.
Formada por 33 civis e militares, a comissão percorre o
Araguaia desde terça-feira. O
Ministério da Defesa determinou 14 pontos em que pode haver ossadas.
Sem tempo
O ministro Nelson Jobim
(Defesa) afirmou ontem que o
prazo para as buscas não deve
ser cumprido à risca, principalmente o trabalho de campo,
que deve ser concluído até novembro. "Os prazos são elásticos", disse o ministro.
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