São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

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TODA MÍDIA

Amar o capitalismo

NELSON DE SÁ

A BBC Brasil foi aos EUA ouvir do brasilianista Thomas Skidmore um ataque à política econômica:
- O (ministro Antonio) Palocci conseguiu impor todo o regulamento dos EUA e FMI. O oposto do prometido.
Não que alguém vá reclamar. Para o americano, "paciência" é a marca do país:
- Estudo o Brasil há mais de 40 anos, e a paciência é impressionante. O Brasil pode continuar na estagnação econômica por muito tempo.
Para sair, sugere, os brasileiros devem investir mais e consumir menos. Alguns, em especial:
- Vou ser atacado por dizer isso, mas a classe média brasileira é muito consumista.
Do outro lado do Atlântico, o "Financial Times" parece concordar com Skidmore. Longa reportagem destaca como os "ricos do Brasil adoram marcas de luxo". E dá como exemplo os Jardins, em São Paulo:
- Uma butique de nome internacional atrás de outra está se estabelecendo, num "boom" de produtos de luxo.
Os brasileiros estariam agora "permissivos como nunca". E tome ironia britânica:
- Uma peculiaridade dos consumidores ricos brasileiros é que eles pagam a prazo. Só no Brasil a Tiffany, a Christian Dior e outras oferecem prestações.
Mas talvez estejam descobrindo alternativas de onde pôr o seu rico dinheiro. É o que diz outra reportagem do "FT", com o título mais sarcástico já visto aqui, sobre o lulismo:
- Como Lula está aprendendo a amar o capitalismo.
É o que pede Skidmore dos brasileiros: em vez de consumir, investir. Do "FT":
- O PT está aprendendo a amar os investidores. Palocci os descreve como motor do crescimento econômico.
O ministro "convocou" e os tais "investidores estão atendendo à convocação". As aplicações pela web estariam em "crescimento exponencial".
É o "capitalismo popular", ainda centrado em "médicos, advogados e outros relativamente ricos", mas com "espaço para crescer nas classes médias". Para tanto, o BNDES "estuda lançar neste ano um fundo para os capitalistas populares".
Era o que ainda faltava. Lula se revelar, afinal, uma Margaret Thatcher de calças.

FISCALIZAR JORNALISTAS

ft.com/Reprodução


A repercussão começou em jornais como o argentino "Diario Hoy" e o americano "El Nuevo Herald", este com o título "Lula faz projeto para fiscalizar jornalistas". E ontem foi o "Financial Times" (ilustração acima) que deu as "acusações de censura" ao projeto, que apareceu "após o governo criticar a imprensa" pelas denúncias contra o presidente do Banco Central.
Por aqui, o JN entrou na cobertura -contra o projeto.

Apurar e punir
A começar das manchetes, mas ainda mais claramente na reportagem, o Jornal Nacional entrou ontem no esforço para conter a CPI que vem dando dor-de-cabeça ao presidente do Banco Central e outros:
- Senadores querem apurar e punir quem está divulgando as informações sigilosas da CPI do Banestado.

Sem fio
Uma semana atrás, a denúncia surgiu em "O Globo", passou pelo argentino "Clarín" e foi bater no espanhol "El País". Era a "privatização da Amazônia".
Ontem, chegou ao JN, com um pouco mais de equilíbrio. Com as versões opostas dos ecologistas que escreveram o projeto, dentro do governo, e dos ecologistas que são contra.

Kirchner no Haiti
Desde domingo, a visita do chanceler Celso Amorim é destaque nos jornais argentinos. Ontem sua imagem voltou a protagonizar a cobertura, ao lado de um sorridente Néstor Kirchner, o presidente.
Mas o máximo que Amorim arrancou, pelo que se lia até o fechamento, foi o anúncio de que Kirchner, segundo o "Diario Hoy", vai assistir com Lula ao jogo entre Brasil e Haiti.

Tranqüilo
Ainda sobre o Haiti, pergunta e resposta do jogador Ronaldo, no site do Real Madri:
- Você viaja no dia 18 para o Haiti com a sua seleção. Entende a preocupação do clube?
- Sou o primeiro a me preocupar, mas me deram todas as garantias de máxima segurança e eu estou tranqüilo.

SUJEIRA

www.swiftvets.com/Reprodução
Comercial contra Kerry


Um comercial de TV há poucos dias no ar iniciou a "sujeira", no dizer do "Guardian", na eleição americana. Nele, supostos ex-colegas do democrata John Kerry no Vietnã afirmam que ele "mentiu para conseguir medalhas", "desonrou seu país" e "não tem capacidade para liderar". Até o senador republicano John McCain questionou o comercial, de origem vaga, como "desonesto e desonroso", cobrando que a Casa Branca fizesse o mesmo. George W. Bush não o fez.


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