São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005

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Ex-tesoureiro diz que vai cobrar PT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, disse que cobrará do PT a devolução do dinheiro próprio que usou para quitar uma dívida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 

Folha - Em nota, o PT atribuiu ao sr. o pagamento da dívida do presidente da República. O sr. confirma?
Paulo Okamotto -
Por ocasião da rescisão [do contrato de Lula] do partido, eu fui procurador dele [Lula] para receber a rescisão dele. No pré-cálculo que me apresentavam, havia umas coisas que eu achava que o partido deveria pagar. Tinha um saldo de viagens internacionais e tinha descontos da passagem da Marisa, um empréstimo feito em 97, e eles não tinham comprovantes.
Eu rejeitei os descontos, as despesas que foram apresentadas eram decorrentes da representação política de Luiz Inácio Lula da Silva. E eu achava que o partido tinha de arcar com aquilo.
Isso passou e o pessoal me cobrou de novo. E aí discuti de novo. E fui informado com mais detalhes de todo o processo contábil. Isso envolve fundo partidário, e fundo partidário não pode cobrir certas despesas. O partido alegou que estava em dificuldade financeira, que não tinha dinheiro, e eu providenciei o pagamento.

Folha - O sr. pessoalmente pagou pelo presidente?
Okamotto -
Passei dinheiro para o partido assumir essa responsabilidade porque eu achava que o presidente não devia pagar.

Folha - O sr. usou dinheiro seu?
Okamotto -
Eu dei o dinheiro para o partido, para ele resolver essa questão. Foi isso o que eu fiz, eu providenciei os recursos. Tirei recursos da minha conta pessoal.

Folha - E os R$ 29 mil não fazem falta para o sr.?
Okamotto -
Na verdade é menos, porque US$ 3.500 já faziam parte das verbas recebidas a título de adiantamento de viagem. Esses R$ 29 mil são um conjunto de coisas. Tem R$ 5.000 referentes a um empréstimo. Na verdade [foi] uma ajuda na campanha em 97, o Lula nunca pegou empréstimo. R$ 9.000 e poucos referentes a adiantamento de viagens ao exterior e a outra parte referente a despesas com saúde.

Folha - O sr. não é autor dos pagamentos que o PT lhe atribui?
Okamotto -
Eu providenciei os recursos para o partido pagar. Eu dei o dinheiro, como eu contribuo com o partido com um dízimo.

Folha - O sr. não foi pessoalmente ao banco?
Okamotto -
Não fui ao banco. Simplesmente providenciei os recursos.

Folha - Na época, o sr. contou ao presidente, seu amigo?
Okamotto -
Não contei, não comentei nada com ele. Primeiro, você imagina, em 2003, o seguinte cenário: você assumindo o governo, eu via pouco o presidente, não ia ficar enchendo o saco dele com uma coisa como essa. Aí quando houve a necessidade de acertar, eu achei que o partido deveria pagar. Como eu acho até hoje. O partido não tinha dinheiro para resolver essa questão e eu providenciei os recursos. Eu acho ainda que o partido deve pagar.

Folha - O sr. vai cobrar do PT?
Okamotto -
No momento oportuno, quando o partido tiver dinheiro, vou cobrar.

Folha - O sr. espera receber?
Okamotto -
Eu posso simplesmente deixar de contribuir até atingir o montante de R$ 20 mil.

Folha - O presidente é seu amigo?
Okamotto -
Eu o conheço desde 76, já comi na casa dele muitas vezes, já dividimos muito rango. Sempre que posso e ele me dá uma colher de chá, a gente conversa um pouco. (MS e RV)


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