São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005

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Ex-tesoureiro desiste de ação contra Azeredo

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
DA ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Cláudio Roberto Mourão da Silveira, ex-tesoureiro da campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais, em 1998, desistiu no último dia 3 da ação por danos morais e materiais que movia contra o hoje senador e presidente nacional do PSDB, além do vice-governador de Minas, Clésio Andrade (PL).
A ação, que tramitava desde novembro do ano passado no STF (Supremo Tribunal Federal) -já que Azeredo tem foro privilegiado-, visava uma indenização de R$ 3,5 milhões, sob a justificativa de que Mourão contraíra dívidas para cobrir gastos da campanha de 1998, o que teria arruinado financeiramente sua família.
Em nota, Azeredo voltou a afirmar ontem que desconhecia o empréstimo e que essa operação é de responsabilidade de Mourão.
A desistência de Mourão ocorreu um dia após Azeredo ter ido espontaneamente à CPI dos Correios para admitir que houve "caixa dois" na campanha de 1998, mas que Mourão foi o único responsável por isso. O senador mostrou uma correspondência escrita por seu ex-tesoureiro.
Disse Azeredo que, por iniciativa própria, Mourão decidiu apoiar candidatos a deputado com o objetivo de fortalecer a campanha majoritária -que foi derrotada por Itamar Franco (PMDB). A transferência do dinheiro se deu por meio da SMPB, agência de Marcos Valério.
Os motivos que levaram Mourão a desistir da ação são desconhecidos, já que ele não é localizado desde que veio à tona o envolvimento da campanha de Azeredo com a agência de Valério.
Na ação que tramitava no STF, ele disse que o custo da campanha fora de mais de R$ 20 milhões. Na Justiça Eleitoral, consta o gasto de R$ 8,5 milhões. Nem Azeredo nem Clésio quiseram comentar a ação proposta por Mourão alegando desconhecimento e falta de notificação.
Ontem, em depoimento na CPI do Mensalão, Valério disse que pelo menos 75 políticos ou pessoas ligadas a eles receberam dinheiro daquele esquema paralelo de campanha. Disse ainda que o empréstimo inicial de R$ 8,3 milhões que ele contraiu em 1998 em nome da DNA, outra agência em que é sócio, foi para a campanha.
Valério disse ter tomado prejuízo com essa operação bancária no Banco Rural, já que não recebeu o que lhe era devido. Ele atribuiu a idealização desse empréstimo a Clésio Andrade, vice na chapa de Azeredo, e a Mourão.
Clésio, que tinha acabado de deixar a sociedade na SMPB e na DNA, teria dito a Valério, segundo palavras deste, que Mourão iria lhe procurar para tratar de questões financeiras para a campanha. Foi aí que surgiu a idéia do empréstimo, que teve como garantia a conta de publicidade da SMPB com o governo de Minas, gerido por Azeredo.
A Folha procurou Clésio ontem, mas até o fechamento desta edição não houve resposta de sua assessoria. (PAULO PEIXOTO, THIAGO GUIMARÃES, SÍLVIA FREIRE, JOSÉ MASCHIO e LAURA CAPRIGLIONE)

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