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Ex-tesoureiro desiste
de ação contra Azeredo
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
DA ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Cláudio Roberto Mourão da Silveira, ex-tesoureiro da campanha
à reeleição de Eduardo Azeredo
(PSDB) ao governo de Minas Gerais, em 1998, desistiu no último
dia 3 da ação por danos morais e
materiais que movia contra o hoje
senador e presidente nacional do
PSDB, além do vice-governador
de Minas, Clésio Andrade (PL).
A ação, que tramitava desde novembro do ano passado no STF
(Supremo Tribunal Federal) -já
que Azeredo tem foro privilegiado-, visava uma indenização de
R$ 3,5 milhões, sob a justificativa
de que Mourão contraíra dívidas
para cobrir gastos da campanha
de 1998, o que teria arruinado financeiramente sua família.
Em nota, Azeredo voltou a afirmar ontem que desconhecia o
empréstimo e que essa operação é
de responsabilidade de Mourão.
A desistência de Mourão ocorreu um dia após Azeredo ter ido
espontaneamente à CPI dos Correios para admitir que houve "caixa dois" na campanha de 1998,
mas que Mourão foi o único responsável por isso. O senador
mostrou uma correspondência
escrita por seu ex-tesoureiro.
Disse Azeredo que, por iniciativa própria, Mourão decidiu
apoiar candidatos a deputado
com o objetivo de fortalecer a
campanha majoritária -que foi
derrotada por Itamar Franco
(PMDB). A transferência do dinheiro se deu por meio da SMPB,
agência de Marcos Valério.
Os motivos que levaram Mourão a desistir da ação são desconhecidos, já que ele não é localizado desde que veio à tona o envolvimento da campanha de Azeredo com a agência de Valério.
Na ação que tramitava no STF,
ele disse que o custo da campanha
fora de mais de R$ 20 milhões. Na
Justiça Eleitoral, consta o gasto de
R$ 8,5 milhões. Nem Azeredo
nem Clésio quiseram comentar a
ação proposta por Mourão alegando desconhecimento e falta de
notificação.
Ontem, em depoimento na CPI
do Mensalão, Valério disse que
pelo menos 75 políticos ou pessoas ligadas a eles receberam dinheiro daquele esquema paralelo
de campanha. Disse ainda que o
empréstimo inicial de R$ 8,3 milhões que ele contraiu em 1998 em
nome da DNA, outra agência em
que é sócio, foi para a campanha.
Valério disse ter tomado prejuízo com essa operação bancária no
Banco Rural, já que não recebeu o
que lhe era devido. Ele atribuiu a
idealização desse empréstimo a
Clésio Andrade, vice na chapa de
Azeredo, e a Mourão.
Clésio, que tinha acabado de
deixar a sociedade na SMPB e na
DNA, teria dito a Valério, segundo palavras deste, que Mourão
iria lhe procurar para tratar de
questões financeiras para a campanha. Foi aí que surgiu a idéia do
empréstimo, que teve como garantia a conta de publicidade da
SMPB com o governo de Minas,
gerido por Azeredo.
A Folha procurou Clésio ontem, mas até o fechamento desta
edição não houve resposta de sua
assessoria.
(PAULO PEIXOTO, THIAGO GUIMARÃES, SÍLVIA FREIRE, JOSÉ MASCHIO e LAURA CAPRIGLIONE)
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