|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fundo do BC perde com Opportunity
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Centrus (fundação de previdência dos funcionários do Banco
Central) aplicou no Opportunity
R$ 7 milhões em julho de 2004
num fundo de investimento que
registrava, naquela ocasião, prejuízo de R$ 22 milhões.
Pela posição de junho deste ano,
as perdas do fundo gerido pelo
Opportunity somavam R$ 27 milhões para a Centrus.
Em relatório de 2001, a Secretaria de Previdência Complementar
já condenava os investimentos da
Centrus no CVC/Opportunity,
afirmando que a aplicação teria
sido "mal direcionada". Ou seja,
apesar das perdas e da avaliação
da SPC, a atual gestão da Centrus
decidiu aumentar o capital no
fundo.
O Opportunity, do banqueiro
Daniel Dantas, controla as empresas Telemig Celular e Amazônia
Celular, suspeitas de alimentar o
caixa dois das agências de propaganda de Marcos Valério. No
mesmo mês de julho de 2004, as
duas operadoras de telefonia celular depositaram R$ 1,9 milhão
nas contas da SMPB, segundo levantamento da CPI dos Correios
obtido pela Folha.
A SMPB é uma das empresas
que o publicitário Marcos Valério
usou para repassar dinheiro de
caixa dois para políticos de diversos partidos, sobretudo petistas.
A Centrus está entre os dez
maiores fundos de pensão do
país, que serão investigados pela
CPI dos Correios por suposta participação no esquema comandado por Valério.
"Estranheza"
Segundo relatório investigativo
da SPC sobre as operações da
Centrus, datado de fevereiro de
2001, a fundação aplicou R$ 50
milhões no CVC/Opportunity entre julho e outubro de 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Pela gestão dos recursos aplicados, o Opportunity receberia 2%
ao ano sobre o patrimônio líquido
do fundo, além de honorários de
20% sobre os ganhos que excedessem o IGP-M (Índice Geral de
Preços do Mercado) no período,
mais 6% ao ano a título de "custo
de oportunidade".
No dia 30 de junho do ano seguinte, a diretoria e o Conselho
Deliberativo da Centrus realizaram reunião extraordinária para
debater os investimentos da fundação, entre os quais a aplicação
no CVC/Opportunity.
Na ocasião, o conselheiro Ernesto Albrecht demonstrou "estranheza" em relação aos investimentos que o CVC/Opportunity
teria feito. O CVC/Opportunity
foi criado para investir nos leilões
de desestatização do sistema Telebrás. Ou seja, por meio desse fundo, as fundações compraram participação nas empresas de telefonia privatizadas.
No relatório, a SPC considerou
que a aplicação da Centrus no
CVC/Opportunity foi "mal direcionada", por considerar que a
fundação não deveria pagar taxa
de administração de 2% ao ano
nem taxa de performance.
Segundo a SPC, outros fundos
destinados à privatização das teles
cobravam taxas muito menores.
O fundo do Bozzano Simonsen
cobrava então "única e exclusivamente" taxa de 0,05% ao ano.
Mesmo diante das considerações do conselheiro Ernesto Albrecht e do relatório da SPC, em
julho do ano passado a Centrus
decidiu aplicar mais R$ 28 milhões no CVC/Opportunity, em
quatro parcelas de R$ 7 milhões.
A primeira foi realizada, mas as
demais foram suspensas no mês
passado, depois de as perdas no
fundo terem aumentado. Em junho deste ano, as perdas registradas eram de R$ 27 milhões
-mais da metade do aporte inicial que havia sido feito.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Outro lado: Diretoria nega perdas e diz ter assumido fundo após operação Índice
|