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Corregedoria quer apurar relação de senador com rádio
Tuma vai ouvir a JR Comunicação, que pertenceria a assessor e primo de senador
Renan, que assinou decreto com uma nova concessão à empresa nesta semana, nega ter ligação com o grupo que atua em Alagoas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), afirmou
que vai investigar se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), usou "laranjas" para obter concessões
de rádio. Ele deve chamar os
donos da JR Comunicação, da
qual Renan seria sócio oculto,
para prestar esclarecimentos.
Tuma também disse que pedirá ao Ministério das Comunicações os pareceres sobre as
concessões de rádio da empresa. Renan assinou na terça-feira um decreto legislativo aprovando uma nova concessão de
rádio para a JR Comunicação.
O decreto autoriza a União a
assinar contrato de concessão
de uma rádio FM, na cidade de
Joaquim Gomes (AL), com a JR
Radiodifusão. A concessão é
pelo prazo de dez anos, renováveis, e foi adquirida pela empresa em licitação do Ministério das Comunicações. A concorrência foi aberta em 2001, e
a empresa venceu com a proposta de pagar R$ 222.121.
"Os indícios são graves. Precisamos analisar os documentos e questionar a empresa para
ver se houve fraude", diz Tuma.
Segunda a revista "Veja", Renan teria utilizado "laranjas"
para comprar um jornal e duas
rádios em Alagoas com dinheiro de origem desconhecida. O
PSDB e o DEM apresentaram
nesta semana uma representação para que seja aberto um
processo por quebra de decoro.
Renan nega ter ligação com a
empresa e tentou se eximir de
responsabilidade pela última
concessão, dizendo que esta foi
aprovada pela Comissão de Comunicação, Ciência e Tecnologia. "Não é o Congresso enquanto Congresso que aprova,
são as comissões técnicas", disse Renan. "Ontem [anteontem]
assinei umas 40 concessões."
Do contrato da empresa que
o ministério enviou ao Congresso consta que a JR Comunicação pertence a Carlos Nascimento Santa Ritta e a José
Carlos Pacheco Paes. A empresa tem sede em Maceió e capital
social de R$ 100 mil. Santa Ritta ocupa cargo em comissão no
gabinete de Renan, como assessor técnico, desde 2004. Recebe salário bruto de R$ 9.031 por
mês. Ele nega que o senador tenha participação nas rádios.
Segundo a "Veja", Pacheco
transferiu sua cota na empresa
(50%) para Antonio Tito Uchôa
Lopes, primo de Renan, em
2005, mas dos documentos da
empresa arquivados no Senado
não consta a mudança.
(FERNANDA KRAKOVICS E SILVIO NAVARRO)
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