São Paulo, segunda-feira, 10 de agosto de 2009

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MST cobra reforma e não vê espaço para protestos em 2010

Movimento vai acampar no DF por duas semanas para fazer reivindicações

Joel Silva/Folha Imagem
Sem-terra que saíram de Campinas na quinta-feira acampam em ginásio municipal de Osasco; a previsão é chegar hoje à capital

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com fôlego reduzido e quase nenhum diálogo no governo que ajudou a eleger e reeleger, o MST chega hoje a Brasília com 3.000 sem-terra para o que está sendo considerado pelo próprio movimento a última grande mobilização de cobrança por reforma agrária na gestão Lula.
Em 2010, por conta das eleições, eles avaliam que não haverá espaço para cobranças. "O governo Lula tem uma dívida com a gente e, pelo calendário, este é o último ano de trabalho", diz Marina dos Santos, da coordenação nacional do MST.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra montará acampamento e, por duas semanas, fará marchas na Esplanada dos Ministérios e apresentará ao governo pauta de reivindicações com três eixos.
São eles: assentamento neste ano das famílias acampadas (falam em 90 mil, apenas do movimento), suplementação de recursos para a reforma agrária e atualização dos índices de produtividade usados na vistoria de imóveis rurais passíveis de desapropriação, o que facilitaria a criação de assentamentos no Sul e Sudeste.
A Folha apurou que só a segunda será assumida pelo governo. O orçamento para isso, de R$ 950 milhões, foi cortado em R$ 400 milhões. O restante, R$ 550 milhões, já foi gasto pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). "Para obtenção de imóveis rurais, [o Incra] está sem [verba]", diz Rolf Hackbart, presidente do órgão. Neste ano, a meta é assentar 75 mil famílias.
A atualização dos índices, prometida por Lula em 2005, deve ficar para o fim do mandato, quando o presidente se livrará da pressão dos ruralistas, em campanha contra a medida.
Dessa forma, o MST terá pouco a comemorar. O maior exemplo está na política de assentamentos, com prioridade na Amazônia. Das 519,1 mil famílias que o governo diz ter assentado entre 2003 e 2008, 47% estão no Norte (onde há apenas 4% dos acampados).
Sem os avanços esperados, muitos têm abandonado os acampamentos. Já foram 150 mil. Hoje são cerca de 90 mil, segundo o MST. "Houve muita frustração das famílias", diz a coordenadora. Soma-se a isso o avanço do Bolsa Família e o aumento do salário mínimo.


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