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RUMO A 2004
Prefeita reluta em aceitar peemedebista em sua chapa; esquerda do PT quer prévia para definir o candidato
Nome de vice separa Marta de cúpula do PT
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Além da possibilidade de enfrentar uma prévia interna para
assegurar sua candidatura à reeleição, a prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy, diverge da cúpula
do PT e do governo sobre o nome
que deve compor sua futura chapa como candidato a vice.
No xadrez dos entendimentos
nacionais, que envolve a composição do ministério do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e alianças nos 150 maiores municípios
brasileiros, a direção do PT articula para que o PMDB de Orestes
Quércia indique o candidato a vice de Marta. Asseguraria à petista,
muito provavelmente, o maior
tempo de televisão entre todos os
candidatos e facilitaria um acordo
amplo com o partido.
Mas Marta tem trabalhado para
que o presidente do PT, José Genoino, aceite ser seu candidato a
vice. Na prática, com essa chapa,
ela pavimentaria a possibilidade
de deixar a prefeitura na metade
do mandato e entrar na disputa
do governo do Estado em 2006.
Genoino não aceita a idéia, porque acredita que terá o apoio de
Lula para disputar o governo de
São Paulo. Já sacrificado na composição ministerial da gestão Lula, Genoino aceitou presidir o PT
a pedido do presidente e acha que
cumpriu o papel que lhe assegurará a candidatura.
Genoino avalia que os 32,45%
dos votos válidos que conseguiu
na campanha do ano passado no
primeiro turno -contra 38,28%
do tucano Geraldo Alckmin-
qualificam-no para a disputa.
Indicar como vice um membro
do PMDB pode vir a ser um fator
limitador de Marta, caso ela seja
reeleita. Teria de tomar a decisão
de tentar disputar o governo do
Estado em 2006 transferindo a administração da maior cidade brasileira a um peemedebista.
Além de Marta e Genoino, o
presidente da Câmara, João Paulo
Cunha, e o líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante, são
vistos internamente como postulantes ao governo em 2006.
Os ministros José Dirceu (Casa
Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda) chegam também a ser citados, mas os petistas acreditam
que devem apostar na tentativa de
reeleição de Lula, mantendo-se
em seus cargos, contando com a
possibilidade de vir a disputar sua
sucessão somente em 2010. Daqui
a sete anos, Dirceu estará com 63
anos, e Palocci, com 50.
Prévia
Ontem à noite, no Instituto da
Terra, em São Paulo, integrantes
de correntes petistas -principalmente as de esquerda- reuniram-se para tentar chegar a um
nome de consenso para enfrentar
Marta na prévia interna.
"Não é um movimento só das
tendências de esquerda, não há
por que limitá-lo a isso. O grau de
descontentamento e insatisfação
com a administração, com sua lei
fiscal que sacrifica a cidade e com
sua dívida não-resolvida e que engessa seu orçamento, por exemplo, atinge setores mais amplos",
afirma Markus Sokol, membro do
Diretório Nacional do PT e integrante da corrente O Trabalho.
Auxiliares de Marta afirmam
que a esquerda reúne apenas 26%
do diretório municipal. É preciso
ao menos 30% de apoio para que
seja lançado um candidato na
prévia. Sokol evita dizer o percentual que acredita que o nome alternativo terá, mas afirma que superará o mínimo exigido.
Os insatisfeitos consultaram diversos petistas sobre a disposição
de aceitar participação nas prévias, entre petistas como o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio
e o deputado Ivan Valente.
Até a conclusão desta edição, a
reunião não havia terminado. Como o prazo de inscrição na prévia
se encerra na primeira semana de
outubro e há uma série de exigências partidárias a serem cumpridas, a escolha do candidato poderia ser protelada no máximo até o
final desta semana.
Os petistas negam a existência
de um movimento anti-Marta. "A
prévia é uma reafirmação da democracia partidária", diz Misa
Bioto, da tendência O Trabalho.
"Mas é claro que as sanções havidas no partido afetam a democracia interna", afirma Sokol.
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