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São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

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RUMO A 2004

Prefeita reluta em aceitar peemedebista em sua chapa; esquerda do PT quer prévia para definir o candidato

Nome de vice separa Marta de cúpula do PT

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Além da possibilidade de enfrentar uma prévia interna para assegurar sua candidatura à reeleição, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, diverge da cúpula do PT e do governo sobre o nome que deve compor sua futura chapa como candidato a vice.
No xadrez dos entendimentos nacionais, que envolve a composição do ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e alianças nos 150 maiores municípios brasileiros, a direção do PT articula para que o PMDB de Orestes Quércia indique o candidato a vice de Marta. Asseguraria à petista, muito provavelmente, o maior tempo de televisão entre todos os candidatos e facilitaria um acordo amplo com o partido.
Mas Marta tem trabalhado para que o presidente do PT, José Genoino, aceite ser seu candidato a vice. Na prática, com essa chapa, ela pavimentaria a possibilidade de deixar a prefeitura na metade do mandato e entrar na disputa do governo do Estado em 2006.
Genoino não aceita a idéia, porque acredita que terá o apoio de Lula para disputar o governo de São Paulo. Já sacrificado na composição ministerial da gestão Lula, Genoino aceitou presidir o PT a pedido do presidente e acha que cumpriu o papel que lhe assegurará a candidatura.
Genoino avalia que os 32,45% dos votos válidos que conseguiu na campanha do ano passado no primeiro turno -contra 38,28% do tucano Geraldo Alckmin- qualificam-no para a disputa.
Indicar como vice um membro do PMDB pode vir a ser um fator limitador de Marta, caso ela seja reeleita. Teria de tomar a decisão de tentar disputar o governo do Estado em 2006 transferindo a administração da maior cidade brasileira a um peemedebista.
Além de Marta e Genoino, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha, e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, são vistos internamente como postulantes ao governo em 2006.
Os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda) chegam também a ser citados, mas os petistas acreditam que devem apostar na tentativa de reeleição de Lula, mantendo-se em seus cargos, contando com a possibilidade de vir a disputar sua sucessão somente em 2010. Daqui a sete anos, Dirceu estará com 63 anos, e Palocci, com 50.

Prévia
Ontem à noite, no Instituto da Terra, em São Paulo, integrantes de correntes petistas -principalmente as de esquerda- reuniram-se para tentar chegar a um nome de consenso para enfrentar Marta na prévia interna.
"Não é um movimento só das tendências de esquerda, não há por que limitá-lo a isso. O grau de descontentamento e insatisfação com a administração, com sua lei fiscal que sacrifica a cidade e com sua dívida não-resolvida e que engessa seu orçamento, por exemplo, atinge setores mais amplos", afirma Markus Sokol, membro do Diretório Nacional do PT e integrante da corrente O Trabalho.
Auxiliares de Marta afirmam que a esquerda reúne apenas 26% do diretório municipal. É preciso ao menos 30% de apoio para que seja lançado um candidato na prévia. Sokol evita dizer o percentual que acredita que o nome alternativo terá, mas afirma que superará o mínimo exigido.
Os insatisfeitos consultaram diversos petistas sobre a disposição de aceitar participação nas prévias, entre petistas como o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio e o deputado Ivan Valente.
Até a conclusão desta edição, a reunião não havia terminado. Como o prazo de inscrição na prévia se encerra na primeira semana de outubro e há uma série de exigências partidárias a serem cumpridas, a escolha do candidato poderia ser protelada no máximo até o final desta semana.
Os petistas negam a existência de um movimento anti-Marta. "A prévia é uma reafirmação da democracia partidária", diz Misa Bioto, da tendência O Trabalho. "Mas é claro que as sanções havidas no partido afetam a democracia interna", afirma Sokol.


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