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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Pelo acordo, ex-prefeito poupará Marta e centrará fogo no tucano; em troca, será protegido, nos limites legais, na CPI do Banestado
PT faz pacto com Maluf para atacar Serra
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT fechou um pacto com o
ex-prefeito Paulo Maluf (PP) para
que ele poupe a prefeita petista
Marta Suplicy e ataque mais o tucano José Serra na disputa pela
Prefeitura de São Paulo.
A Folha apurou que o acordo,
que vinha sendo costurado havia
mais de um mês entre aliados do
ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, e o próprio Maluf, foi selado na semana passada. Em troca
dos petardos contra Serra, que começaram no programa de TV de
anteontem de Maluf, o ex-prefeito
seria protegido dentro dos limites
legais na CPI do Banestado.
O relator da CPI, o deputado federal José Mentor (PT-SP), discutiu com Dirceu uma atuação pró-Maluf no Congresso dentro dos limites políticos e legais. Ex-vereador no tempo em que Maluf foi
prefeito de São Paulo, Mentor tem
documentação sobre recursos da
família do ex-prefeito no exterior.
No final de junho, a recusa de
Mentor de convocar Maluf para
depor sobre remessas de dólares
ao exterior causou mal-estar entre
os integrantes da CPI. Apesar dos
quilos de papéis bancários enviados pela Suíça ao país, Mentor
afirmou que não via elementos
que justificassem a convocação.
Antigo aliado de Dirceu, Mentor ouviu do ministro que um entendimento com Maluf interessava ao PT. A disposição de ajuda
no Congresso foi levada ao conhecimento do ex-prefeito, segundo apurou a Folha. Após resistir, Maluf fechou o acordo na
semana passada porque, pelas
pesquisas eleitorais, já concluiu
que estará fora do segundo turno.
No fim do mês passado, quando
pesquisa Datafolha mostrou Maluf com 16% das intenções de voto, o PT reforçou as articulações
secretas. Nesse levantamento,
Marta alcançou 34%, e Serra,
30%, polarizando a disputa.
Nesse contexto, o ex-prefeito
deseja vender a única coisa que
interessaria ao PT -reforçar o fogo cerrado contra Serra, numa
tentativa de evitar que o tucano
chegue ao segundo turno numa
situação de vantagem.
Etapas
O acordo com Maluf teve várias
etapas. Houve um momento, no
qual Marta apareceu em terceiro
lugar nas pesquisas, em que ele se
afastou do PT. Tinha plano de
criar um personagem da Argentina no horário eleitoral, numa alusão ao marido da prefeita, o franco-argentino Luis Favre. O personagem apareceria como muito influente junto à prefeita.
Depois, a recuperação de Marta
levou o partido a crer que ela poderia vencer no primeiro turno se
Maluf viesse a renunciar. Havia
discurso pronto. Um apelo familiar para renunciar, alegando que
não podia mais sacrificar mulher,
filhos e netos por conta de uma
campanha difamatória sobre dinheiro seu no exterior. Como o
Datafolha mostrou que a maioria
dos eleitores de Maluf (69%) optaria por Serra no segundo turno,
o PT descartou a renúncia.
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