São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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REFORÇO AÉREO

Helicópteros, usados, foram oferecidos; lei dispensa concorrência

Governo estuda compra de 10 Black Hawk sem licitação

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Lula está estudando a compra de até dez helicópteros Black Hawk americanos, usados, para operações especiais, busca e salvamento. O negócio foi oferecido pela fabricante Sikorsky. E a FAB (Força Aérea Brasileira) aceitou estudar a oferta.
É uma mudança grande na conduta das Forças Armadas do país. Desde 2001, as grandes compras da FAB foram feitas por meio de concorrência internacional -é o caso da licitação F-X, para aquisição de caças supersônicos.
A lei dispensa esse tipo de negócio de licitação por se tratar de assunto de segurança nacional, mas as concorrências eram abertas para a busca de preços melhores.
Um envelope com a proposta brasileira foi enviado no início da semana ao Congresso americano, onde será avaliada. A FAB não divulga os valores que foram sugeridos, mas afirma que a oferta brasileira leva em conta a versão básica e usada da aeronave.
Caso a proposta brasileira seja aprovada pelos congressistas americanos, a FAB terá, então, de negociar recursos diretamente com o Ministério da Defesa e o Palácio do Planalto.
Segundo a Defesa, a compra de novos helicópteros faz parte do plano de reaparelhamento das Forças Armadas, mas não se trata da prioridade máxima. O F-X, que está parado, e a modernização em curso dos atuais caças F-5, estão à frente, por exemplo.
Uma unidade nova e equipada com mísseis e demais aparatos militares sai por cerca de US$ 25 milhões. A FAB, no entanto, afirma que a proposta brasileira pelas aeronaves "não chega nem perto de seu valor de mercado".
O novo avião presidencial (o Airbus que irá substituir o Sucatão a partir de 2005) terá um custo total de US$ 56,7 milhões.
Segundo a assessoria de imprensa da Aeronáutica, a frota da força de 40 helicópteros UH-1H, o mais utilizado no dia-a-dia para busca e salvamento no país, está condenada a ser desativada a curto prazo. Isso porque os EUA anunciaram que não irão mais fabricá-lo, o que vai impossibilitar a reposição de peças.
Os UH-1H, comuns nas guerras do Vietnã, das Malvinas e Irã-Iraque, estão em uso no Brasil há cerca de 35 anos, sobretudo em operações de busca e salvamento. Ele tem capacidade para oito pessoas, contra 35 do Black Hawk.
O Exército brasileiro já possui quatro Black Hawk, adquiridos em julho de 1997 diretamente da empresa americana Sikorsky Export Corporation. Os helicópteros passaram a operar no país em novembro do mesmo ano.


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