|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PT paga dívida de R$ 150 mil de antigo tesoureiro de Lula
Promotoria apura se foi usado dinheiro do fundo partidário na quitação, o que é proibido
Filippi Júnior diz que metade do pagamento em seu nome veio do Diretório Nacional e que o partido ainda fará campanha para pagar juros
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Diretório Nacional do PT e
o Diretório Municipal de Diadema (SP) pagaram R$ 150 mil
de uma dívida pessoal do prefeito da cidade e ex-tesoureiro
de campanha do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, José
de Filippi Júnior (PT).
De acordo com a Lei Orgânica dos Partidos Políticos, o fundo partidário, rubrica formada
majoritariamente por verbas
públicas e que representa uma
das principais fontes de financiamento de partidos políticos,
não pode ser usado para pagamento de dívidas pessoais de
seus membros.
O Ministério Público de São
Paulo abriu dois procedimentos, um criminal e outro cível,
para apurar o fato.
A dívida de Filippi Júnior foi
contraída em 2003, quando foi
condenado em segunda instância a pagar R$ 183 mil por improbidade administrativa (má
gestão pública). A Justiça determinou o bloqueio dos bens
pessoais do prefeito, que precisou do dinheiro para suspender
essa ordem judicial.
À época, pediu R$ 150 mil
emprestado do empresário
Mário Moreira, tio da mulher
dele e apresentado como o "tio
rico" da família. Outros R$ 10
mil vieram do amigo e deputado estadual Mário Reali (PT).
Mais R$ 8.000 foram reunidos
por cerca de 28 petistas e R$ 15
mil saíram do bolso do prefeito.
No dia 13 de junho deste ano,
o "tio rico" da família de Filippi
recebeu um cheque de R$ 150
mil do Diretório Municipal do
PT. Segundo o próprio prefeito,
metade do dinheiro veio de um
jantar organizado pelo PT municipal e a outra metade, do Diretório Nacional.
O jantar, no dia 17 de abril, foi
registrado pela imprensa local
como uma reunião para ajudar
a pagar uma "dívida do PT". Foi
realizado na churrascaria Boiadeiro, de Diadema. A entrada
custou R$ 100. De acordo com o
PT, compareceram cerca de
850 pessoas. "O partido entendeu que a dívida não era minha,
não era pessoal, mas da gestão,
por isso o PT resolveu, de forma unânime, pagar o valor",
disse Fillipi Júnior.
Condenação
O prefeito foi condenado
porque usou em propaganda
oficial três estrelinhas, símbolo
do PT e das três gestões dele
frente à prefeitura. A legislação
brasileira proíbe a vinculação
do logotipo de gestões públicas
a bandeiras partidárias.
Segundo a promotora Cecília
Maria Denser de Sá Astoni, responsável pelo inquérito cível, a
dívida é pessoal, não do partido,
tanto que o bloqueio determinado pela Justiça atingiu bens
pessoais do prefeito, não os do
partido ou os da prefeitura. A
promotora vai investigar a origem dos recursos utilizados pelo partido.
Promotores e advogados ouvidos pela Folha disseram ainda que uma condenação é intransferível.
Moreira, 67, que recebeu o
dinheiro do partido achou "justo" o pagamento pelo PT. "Não
estranhei [o PT ter quitado a
dívida] porque ele [Filippi Jr.]
faz parte do partido, é filiado,
então, é a coisa mais justa porque ele trabalha como prefeito
para o PT", afirmou.
Fillipi Júnior disse ainda que
o partido fará outras campanhas para pagar os juros para o
"tio rico", cerca de R$ 30 mil, e
o valor dado por Reali e os R$
15 mil pagos pelo próprio prefeito. "Se eu tiver que assumir
com os R$ 15 mil, tudo bem.
Mas se tiver dinheiro do partido, será melhor", afirmou.
Procurado pela reportagem,
o presidente do Diretório Municipal do PT Diadema, Antonio Fidélis, não se pronunciou.
O Diretório Nacional afirmou
que caberia ao municipal explicar o fato.
Texto Anterior: Julgamento: Ministro pode ter mandato de senador cassado Próximo Texto: Frases Índice
|