São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Políticos são "loucos", diz Marta em livro

Em publicação que será lançada hoje, petista afirma que "não há nada mais gostoso" do que governar com apoio da imprensa

Ao tratar de assuntos privados, petista diz que repercussão de sua separação a transformou na "megera da história"


RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO

Os políticos são "apenas loucos" e escondem o que passa por suas cabeças. E "não há nada mais gostoso" do que governar com o apoio da imprensa. Essas são algumas das reflexões contidas nas 216 páginas do livro "Minha Vida de Prefeita", que Marta Suplicy (PT) lança hoje em São Paulo.
Com 24 páginas ilustradas, o livro -editado pela Agir- é um relato da candidata petista sobre a sua gestão (2001-2004) na cidade e a sua passagem pelo Ministério do Turismo (2007-2008), mas traz considerações particulares, como as que tratam da separação do senador Eduardo Suplicy (PT) e o casamento com o franco-argentino Luis Favre.
"Ninguém me defendeu. Eduardo mostrou seu sofrimento em público e eu remoí minhas aflições em particular. Com isso, tornei-me a megera da história."
A versão de Marta para o período em que ocupou a Prefeitura de São Paulo é centrada em obras de sua gestão como a construção dos CEUs (Centro Educacional Unificado). "Talvez houvesse gente tão apaixonada pela idéia quanto eu. Mais do que eu, duvido", escreve, usando um chavão bastante repetido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar de diversos assuntos.
Em vários trechos do livro, a petista faz críticas à gestão que a sucedeu, hoje comandada por Gilberto Kassab (DEM), e a Geraldo Alckmin (PSDB).
Na parte das fotos, há imagem da construção do hospital Tiradentes, iniciada em sua gestão. A entrega do hospital é um dos principais pontos da campanha de Kassab.
Marta nega que a publicação tenha relação com a eleição, que acontece daqui a 25 dias.
Na parte em que tece comentários sobre temas genéricos, a petista relata não gostar de ser chamada de "dona Marta" -"Um equivalente para a política ao "dona Maria" que as mulheres ouvem no trânsito"- , diz ter se surpreendido nos primeiros dias de governo com a comida fria do Palácio das Indústrias, antiga sede do governo, e faz críticas à imprensa, reunidas, entre outros, no capítulo "A Busca da Má Notícia".
"Nos primeiros seis meses, experimentei (...) a felicidade de ter a imprensa a favor -não há nada mais gostoso do que governar com apoio."
Mas por fazer, em seu relato, um governo "muito mais de esquerda do que eles imaginavam", o suposto apoio foi retirado. Entre outros exemplos, ela cita viagem que fez a Milão dias antes de a cidade sofrer com as enchentes. "O mundo desabou nas minhas costas, embora eu tivesse uma agenda de assuntos de interesse da cidade [em Milão]", escreve Marta, acrescentando: "Meses depois eu li, bem pequenininho no jornal, a notícia de uma viagem do prefeito [José] Serra [PSDB] ao exterior durante as enchentes. Nenhum comentário e nenhum jornalista indo fazer plantão na porta do hotel".
Quando faz a definição dos políticos, Marta diz que "ninguém é vítima, são apenas loucos". "Um psicanalista busca a verdade, um político precisa esconder o que pensa até o momento em que for do seu interesse saberem o que lhe passa pela cabeça. (...) Na política, falar demais pode produzir um dano maior. Ainda escorrego."
O livro fala ainda das taxas. "Teria feito diferença seguir a recomendação de Maquiavel (...): de duas notícias, é melhor dar primeiro a ruim e guardar a boa para o final. Poderíamos ter lançado primeiro as taxas do lixo e da luz e, depois, oferecer o alívio da redução do IPTU".


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