São Paulo, quinta-feira, 10 de setembro de 2009

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EUA acenam à Embraer em lobby pró-Boeing

Americanos usam disputa aberta por sua Aeronáutica como arma em concorrência para escolha de caça da FAB

CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

Depois do mal entendido do fim de semana, o governo dos Estados Unidos redobrou sua campanha em favor do F-18 da Boeing na concorrência para a escolha do novo caça da FAB.
Uma das armas dos americanos é a disputa aberta por sua Aeronáutica, em julho, para a compra de cem caças leves, aviões de combate para guerras não convencionais, como a travada no Afeganistão.
A Embraer foi uma das empresas que responderam ao chamado RFI (pedido de informação, em inglês), primeiro passo do processo que só será oficializado com a publicação do RFP (pedido de proposta).
O caça da Embraer que poderia entrar na concorrência, caso a empresa assim o decida, seria o Super Tucano. O avião tem componentes americanos e a Embraer está construindo uma fábrica de jatos civis na Flórida, o que pode ajudá-la a contornar a cláusula "Buy American", que favorece a indústria nacional em compras públicas.
Não há nenhuma ligação direta entre o pacote da Boeing para vender o F-18 e a disputa dos caças leves nos EUA. Mas os americanos acenam para parceria a longo prazo e dizem que sua concorrência está em estágio mais adiantado do que a intenção anunciada pela França de comprar de 10 a 15 cargueiros KC-390 da Embraer.
Especialistas em indústria de armas ouvidos pela Folha dizem que não há garantia para a Embraer nos dois casos. "O que você tem hoje são lobbies -não no sentido negativo usado no Brasil-, em que concorrentes tentam moldar a percepção pública sobre sua oferta", diz Salvador Raza, professor da Universidade Nacional de Defesa dos EUA e diretor do Centro de Tecnologia, Relações Internacionais e Segurança.
No caso da Força Aérea dos EUA, há dificuldade de entrada de empresas estrangeiras no mercado militar no país. No ano passado, a europeia EADS venceu a Boeing em disputa para fornecer aviões-tanque à Aeronáutica. Mas a concorrência foi cancelada após protestos de congressistas.
Como parceira da americana Lockheed, a Embraer venceu concorrência para desenvolver um sistema de vigilância para campos de batalha, mas o projeto foi suspenso. Hoje, negocia a venda de quatro Super Tucanos à Marinha dos EUA.
No caso dos cargueiros KC-390, a intenção de compra anunciada pela França passará por ao menos dois obstáculos. Em primeiro lugar, o avião, encomendado pela FAB, está em fase de projeto, e depende de parceria com o governo brasileiro. Depois, na França, ele enfrentará a concorrência de um cargueiro da Airbus, o A400M.


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