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EUA acenam à Embraer em lobby pró-Boeing
Americanos usam disputa aberta por sua Aeronáutica como arma em concorrência para escolha de caça da FAB
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
Depois do mal entendido do
fim de semana, o governo dos
Estados Unidos redobrou sua
campanha em favor do F-18 da
Boeing na concorrência para a
escolha do novo caça da FAB.
Uma das armas dos americanos é a disputa aberta por sua
Aeronáutica, em julho, para a
compra de cem caças leves,
aviões de combate para guerras
não convencionais, como a travada no Afeganistão.
A Embraer foi uma das empresas que responderam ao
chamado RFI (pedido de informação, em inglês), primeiro
passo do processo que só será
oficializado com a publicação
do RFP (pedido de proposta).
O caça da Embraer que poderia entrar na concorrência, caso
a empresa assim o decida, seria
o Super Tucano. O avião tem
componentes americanos e a
Embraer está construindo uma
fábrica de jatos civis na Flórida,
o que pode ajudá-la a contornar
a cláusula "Buy American", que
favorece a indústria nacional
em compras públicas.
Não há nenhuma ligação direta entre o pacote da Boeing
para vender o F-18 e a disputa
dos caças leves nos EUA. Mas
os americanos acenam para
parceria a longo prazo e dizem
que sua concorrência está em
estágio mais adiantado do que a
intenção anunciada pela França de comprar de 10 a 15 cargueiros KC-390 da Embraer.
Especialistas em indústria de
armas ouvidos pela Folha dizem que não há garantia para a
Embraer nos dois casos. "O que
você tem hoje são lobbies -não
no sentido negativo usado no
Brasil-, em que concorrentes
tentam moldar a percepção pública sobre sua oferta", diz Salvador Raza, professor da Universidade Nacional de Defesa
dos EUA e diretor do Centro de
Tecnologia, Relações Internacionais e Segurança.
No caso da Força Aérea dos
EUA, há dificuldade de entrada
de empresas estrangeiras no
mercado militar no país. No
ano passado, a europeia EADS
venceu a Boeing em disputa
para fornecer aviões-tanque à
Aeronáutica. Mas a concorrência foi cancelada após protestos
de congressistas.
Como parceira da americana
Lockheed, a Embraer venceu
concorrência para desenvolver
um sistema de vigilância para
campos de batalha, mas o projeto foi suspenso. Hoje, negocia
a venda de quatro Super Tucanos à Marinha dos EUA.
No caso dos cargueiros KC-390, a intenção de compra
anunciada pela França passará
por ao menos dois obstáculos.
Em primeiro lugar, o avião, encomendado pela FAB, está em
fase de projeto, e depende de
parceria com o governo brasileiro. Depois, na França, ele enfrentará a concorrência de um
cargueiro da Airbus, o A400M.
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