São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2001

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Aécio pede que corregedor apure caso

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O corregedor da Câmara, deputado Barbosa Neto (PMDB-GO), vai pedir dados fiscais e bancários do deputado Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP) no processo aberto ontem que apura se houve falta de decoro parlamentar.
A corregedoria foi acionada pelo presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), para apurar as acusações contra Medeiros antes mesmo de o pedido de investigação do deputado Jair Meneghelli (PT-SP) chegar à presidência da Casa. Aécio quer dar uma resposta rápida às acusações para evitar que aconteça como no Senado, onde os sucessivos escândalos envolvendo políticos paralisaram os trabalhos. "Isso [a paralisação" jamais ocorrerá na Câmara, porque o meu nome é Aécio Neves", disse o presidente.
Medeiros foi acusado de desviar dinheiro do Ibes (Instituto de Brasileiro de Estudos Sindicais), entidade que presidiu, para uma conta no Commercial Bank de Nova York por seu ex-assessor Wagner Cinchetto, que confessou ter participado do esquema.
O STF (Supremo Tribunal Federal) determinou a quebra de sigilo bancário de Cinchetto e do Ibes. O instituto, segundo a acusação, recebeu cerca de US$ 2 milhões de empresas. O Ibes teria arrecadado dinheiro de empresários, com a ajuda do ex-presidente Fernando Collor de Mello, para criar a Força Sindical, central que Medeiros presidiu.
"Vou pedir material da Polícia Federal, da Receita Federal e dados fiscais e bancários do deputado", afirmou Barbosa Neto.
Para obter dados bancários e fiscais, será necessária a quebra de sigilo de Medeiros, o que, segundo Barbosa, é "decisão para daqui a dez dias". O Código de Ética parlamentar, que será promulgado hoje, prevê a possibilidade de o Conselho de Ética requisitar dados sigilosos dos deputados em poder da Mesa. No entanto, a Mesa ainda não possui os dados.
Medeiros vai depor hoje ao corregedor. Depois das conclusões do corregedor, a Mesa vai decidir se o processo será enviado ao Conselho de Ética, que julgará se houve quebra de decoro parlamentar, cuja pena é a cassação.


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