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Para historiador italiano, política é "sempre corrupta"
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O historiador italiano Giovanni Arrighi, 68, professor
da Universidade John Hopkins (EUA) e um dos maiores teóricos do declínio dos
Estados Unidos como centro hegemônico do capitalismo, disse ontem que as denúncias de corrupção que
envolvem o PT não representam o fim do governo
nem do projeto petista.
"Todos os sistemas políticos são basicamente corruptos. O que eles conseguem
realizar e alcançar é o que interessa", disse Arrighi, que
atribuiu a crise do PT a uma
estratégia errada de poder.
Segundo ele, o governo faz
concessões a multinacionais
que aprofundarão a distância entre ricos e pobres, e o
PT subestima o poder que
tem para mobilizar as massas com reformas sociais e
democracia participativa.
O italiano defendeu que o
governo deveria ter seguido
o exemplo da China, que
abriu o mercado sem abdicar do controle. ""Toda vez
que venho ao Brasil, fico
com a impressão de que
pouco é feito para superar o
dualismo social", disse.
Arrighi é uma das estrelas
do seminário internacional
""Alternativas à Globalização: Potências Emergentes e
os Novos Caminhos da Modernidade", promovido pela
Reggen (Cátedra e Rede
Unesco/UNU sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável). O encontro prossegue até quinta-feira, no Hotel Glória, zona
sul do Rio.
Em sua conferência, Arrighi disse sobre a corrupção:
"Venho de um país que tem
sido líder em corrupção. Então, ficamos cínicos. Todos
os sistemas políticos são basicamente corruptos. O que
eles conseguem realizar e alcançar é o que interessa. Eu,
pessoalmente, sou contra todo tipo de corrupção, inclusive a intelectual. Gostaria de
saber quem não seria corrupto em política."
Sobre o PT, o intelectual
disse: "As experimentações
do PT foram muito importantes para todo o mundo.
Em 2001, ao participar do
Fórum Mundial, em Porto
Alegre, fiquei muito impressionado com a democracia
participativa. Que eu saiba, o
PT de Porto Alegre não está
envolvido em escândalos.
Acho que [a crise do PT] se
deve a uma estratégia errada
de poder. Subestimaram o
poder que teriam para mobilizar as massas e superestimaram o poder das instituições financeiras. Mas esse é o
problema da política."
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