São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2005

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Para historiador italiano, política é "sempre corrupta"

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O historiador italiano Giovanni Arrighi, 68, professor da Universidade John Hopkins (EUA) e um dos maiores teóricos do declínio dos Estados Unidos como centro hegemônico do capitalismo, disse ontem que as denúncias de corrupção que envolvem o PT não representam o fim do governo nem do projeto petista.
"Todos os sistemas políticos são basicamente corruptos. O que eles conseguem realizar e alcançar é o que interessa", disse Arrighi, que atribuiu a crise do PT a uma estratégia errada de poder. Segundo ele, o governo faz concessões a multinacionais que aprofundarão a distância entre ricos e pobres, e o PT subestima o poder que tem para mobilizar as massas com reformas sociais e democracia participativa.
O italiano defendeu que o governo deveria ter seguido o exemplo da China, que abriu o mercado sem abdicar do controle. ""Toda vez que venho ao Brasil, fico com a impressão de que pouco é feito para superar o dualismo social", disse.
Arrighi é uma das estrelas do seminário internacional ""Alternativas à Globalização: Potências Emergentes e os Novos Caminhos da Modernidade", promovido pela Reggen (Cátedra e Rede Unesco/UNU sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável). O encontro prossegue até quinta-feira, no Hotel Glória, zona sul do Rio.
Em sua conferência, Arrighi disse sobre a corrupção: "Venho de um país que tem sido líder em corrupção. Então, ficamos cínicos. Todos os sistemas políticos são basicamente corruptos. O que eles conseguem realizar e alcançar é o que interessa. Eu, pessoalmente, sou contra todo tipo de corrupção, inclusive a intelectual. Gostaria de saber quem não seria corrupto em política."
Sobre o PT, o intelectual disse: "As experimentações do PT foram muito importantes para todo o mundo. Em 2001, ao participar do Fórum Mundial, em Porto Alegre, fiquei muito impressionado com a democracia participativa. Que eu saiba, o PT de Porto Alegre não está envolvido em escândalos. Acho que [a crise do PT] se deve a uma estratégia errada de poder. Subestimaram o poder que teriam para mobilizar as massas e superestimaram o poder das instituições financeiras. Mas esse é o problema da política."

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