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ELEIÇÕES 2006 / DEBATE
Para analistas, debate tira de Alckmin estigma de "chuchu"
Cientistas políticos dizem que tom incisivo do candidato tucano foi surpreendente
Respostas de Lula a ataques do oponente podem ter sido eficazes para satisfazer
seu próprio eleitorado,
afirma um dos especialistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Ninguém venceu por nocaute, mas Geraldo Alckmin
(PSDB) conseguiu levar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva às cordas em pelo menos
dois dos cinco blocos do debate
entre os dois candidatos presidenciais transmitido domingo
à noite pela TV Bandeirantes.
Analistas ouvidos pela Folha
afirmam que o tucano foi a
grande surpresa do confronto
televisivo. "Ele colocou Lula no
córner", afirma Ney Figueiredo, membro do Centro de Estudos de Opinião Pública da
Unicamp. "Contrariando seu
estilo, Alckmin teve a performance de um sujeito que pode
ser presidente da República.
Surpreendeu amigos e inimigos -e deixou de ser o chuchu."
Rejane Vasconcelos, cientista política da UFC (Universidade Federal do Ceará), endossa:
"Alckmin surpreendeu. Só se
pode dizer agora que ele é um
chuchu com muito tempero".
Luiz Werneck Vianna, do Iuperj (Instituto Universitário de
Pesquisas do Rio de Janeiro),
diz que não se pode apontar
um vencedor. "Não houve nocaute, e dificilmente haverá
nos próximos debates. Os dois
foram bem, cada um em seu estilo." Ele elogia a discussão ética na arena: "A campanha começou ontem. [...] A questão
ética é programática, tão substancial como qualquer outra
das dimensões".
Para o cientista político Rubens Figueiredo, o tucano
"mostrou para o eleitor uma face que ele não conhecia".
"Ele foi duro, mas não mal-educado", diz Rubens Figueiredo. Para Ney Figueiredo, "se
fosse um grau acima [no tom
de seu discurso e de suas acusações], Alckmin terminaria por
ser desrespeitoso à autoridade
do presidente da República".
No entanto, o tucano conseguiu se manter, para o consultor, no tom correto.
Werneck Vianna concorda:
"Alckmin não perdeu a compostura do homem público, inclusive do ponto de vista do rito, da expressão facial".
Para Vasconcelos, a vulnerabilidade do presidente na questão ética ficou evidente: "A câmera focalizava a expressão de
desânimo de Lula, como se ele
dissesse: "Esse assunto me desagrada e a minha resposta, a
que acusa os outros também de
corrupção, não me redime, não
me faz voltar ao estágio anterior". Mas pondera: "Para o
eleitorado já simpático ao presidente, suas respostas foram
capazes de neutralizar os ataques".
(FLÁVIA MARREIRO E RAFAEL CARIELLO)
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