São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / DEBATE

Para analistas, debate tira de Alckmin estigma de "chuchu"

Cientistas políticos dizem que tom incisivo do candidato tucano foi surpreendente

Respostas de Lula a ataques do oponente podem ter sido eficazes para satisfazer seu próprio eleitorado, afirma um dos especialistas


DA REPORTAGEM LOCAL

Ninguém venceu por nocaute, mas Geraldo Alckmin (PSDB) conseguiu levar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva às cordas em pelo menos dois dos cinco blocos do debate entre os dois candidatos presidenciais transmitido domingo à noite pela TV Bandeirantes.
Analistas ouvidos pela Folha afirmam que o tucano foi a grande surpresa do confronto televisivo. "Ele colocou Lula no córner", afirma Ney Figueiredo, membro do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp. "Contrariando seu estilo, Alckmin teve a performance de um sujeito que pode ser presidente da República. Surpreendeu amigos e inimigos -e deixou de ser o chuchu."
Rejane Vasconcelos, cientista política da UFC (Universidade Federal do Ceará), endossa: "Alckmin surpreendeu. Só se pode dizer agora que ele é um chuchu com muito tempero".
Luiz Werneck Vianna, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), diz que não se pode apontar um vencedor. "Não houve nocaute, e dificilmente haverá nos próximos debates. Os dois foram bem, cada um em seu estilo." Ele elogia a discussão ética na arena: "A campanha começou ontem. [...] A questão ética é programática, tão substancial como qualquer outra das dimensões".
Para o cientista político Rubens Figueiredo, o tucano "mostrou para o eleitor uma face que ele não conhecia".
"Ele foi duro, mas não mal-educado", diz Rubens Figueiredo. Para Ney Figueiredo, "se fosse um grau acima [no tom de seu discurso e de suas acusações], Alckmin terminaria por ser desrespeitoso à autoridade do presidente da República". No entanto, o tucano conseguiu se manter, para o consultor, no tom correto.
Werneck Vianna concorda: "Alckmin não perdeu a compostura do homem público, inclusive do ponto de vista do rito, da expressão facial".
Para Vasconcelos, a vulnerabilidade do presidente na questão ética ficou evidente: "A câmera focalizava a expressão de desânimo de Lula, como se ele dissesse: "Esse assunto me desagrada e a minha resposta, a que acusa os outros também de corrupção, não me redime, não me faz voltar ao estágio anterior". Mas pondera: "Para o eleitorado já simpático ao presidente, suas respostas foram capazes de neutralizar os ataques". (FLÁVIA MARREIRO E RAFAEL CARIELLO)

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