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Renan afasta assessor, mas diz que não sai
Criticado por não ter demitido Francisco Escórcio, pivô do novo escândalo, presidente do Senado diz que não pode prejulgar
"Não pedi, não ordenei, não autorizei, não deleguei, não encomendei nenhuma atrocidade como essa", disse Renan sobre a espionagem
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após ouvir apelos de senadores para deixar a presidência do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL) disse ao plenário
da Casa que não recuará, culpou a imprensa pelas novas denúncias contra ele, e anunciou
o afastamento do seu assessor
especial, Francisco Escórcio,
pivô do caso de espionagem.
Ele foi cobrado por ter apenas "afastado temporariamente" e não exonerado Escórcio
enquanto durar a sindicância
para apurar o caso na Casa. "É o
que eu poderia fazer, não posso
prejulgar", declarou o senador.
Renan discursou da tribuna,
por cerca de 20 minutos, até ser
interrompido por opositores.
Falou em "linchamento", "infâmia" e avisou: "Sei que poderei
responder a outras [acusações]
na próxima semana. Não se
surpreendam se surgir outra
invencionice, outra maluquice
qualquer. São esquizofrenias
da política à procura de um autor", disse para em vários momentos atacar a imprensa.
"No Brasil, nosso jornalismo
já não informa de maneira
isenta e de maneira imparcial.
Ele, infelizmente, persegue objetivos políticos", afirmou.
"Chegamos a um ponto em
que o experiente jornalista
Paulo Henrique Amorim batizou de "Partido da Imprensa'",
discursou. "Todas as mentiras
desta cooperativa da calúnia
contra mim até aqui foram derrubadas pela força da verdade."
Diante de um plenário disposto a questioná-lo duramente, também apelou, diversas vezes, para o tom emocional. "Ouvi falar aqui de devassa, de
plantação, e eu pensava comigo
o que eu sofri, o que a minha família sofreu com relação a essas
indignidades. Não desejo e não
faria o mesmo a ninguém, absolutamente a ninguém."
Renan atribuiu o agravamento da crise no Senado a uma
"campanha" de "setores da imprensa". "Quando as velhas denúncias vão ficando frágeis, vão
caducando por inverídicas,
busca-se uma nova trama para
envenenar o ambiente aqui do
Senado e indispor-me contra
os senhores, alimentar artificialmente essa crise", afirmou.
Disse ter ligado aos senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO) para negar que tenha sido
mandatário do esquema de arapongagem contra eles. "Repito
que é mentira, não pedi, não ordenei, não autorizei, não deleguei, não encomendei nenhuma atrocidade como essa."
Depois dirigiu-se à Casa sobre os rumores de que mandou
levantar supostas notas frias
usadas por senadores para justificar verbas indenizatórias.
"Não fiz e não farei nenhuma
espécie de levantamento sobre
a vida pessoal ou política de nenhum senador. Bisbilhotar a vida alheia não é uma prática que
eu aprove, muito menos que incentive, autorize ou concorde."
Quando encerrava seu pronunciamento, ouviu pedidos
para que concedesse apartes.
Relutou, mas acabou cedendo o
primeiro deles, a Marconi Perillo (PSDB-GO). Ouviu o primeiro questionamento de por
que não demitiu o assessor.
Na seqüência, foi a vez de Pedro Simon (PMDB-RS). Renan
ouviu impaciente e, em seguida, tentou negar o aparte a Aloizio Mercadante (PT-SP). "Não
quero conceder apartes justamente porque não quero fazer
o debate sobre esse assunto."
O petista insistiu: "Não quero
fazer um debate, mas queria expressar o meu sentimento mais
profundo de tudo isso [...] É
uma situação institucional inaceitável". Renan retrucou:
"Inaceitável do ponto de vista
da denúncia. Vossa Excelência
me conhece muito bem e sabe
que abomino essa prática [renúncia]. A minha formação política não autorizaria que isso
jamais acontecesse."
Mercadante continuou falando e Renan abandonou a tribuna. Voltou para a cadeira da
presidência e pediu que o senador Papaléo Paes (PSDB-AP),
que presidia a sessão, cortasse a
palavra do petista. Mercadante
voltou a falar depois.
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