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Lula teme que crise no Senado ponha em risco a CPMF
Calendário de votação já estava apertado antes da suspeita de espionagem contra Demóstenes Torres e Marconi Perillo
Planalto acredita que não há risco de a CPMF ser rejeitada no Congresso, mas perderá R$ 10 bilhões em receitas se a votação ficar para 2008
VALDO CRUZ
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Lula teme que o
agravamento da crise envolvendo o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
ponha em risco a aprovação da
prorrogação da CPMF, o imposto do cheque, ainda neste
ano. Caso isso ocorra, há uma
avaliação jurídica de que ela
não poderia ser cobrada nos
primeiros três meses do próximo ano, podendo provocar
uma perda de R$ 10 bilhões.
Segundo a Folha apurou,
voltou a crescer a preocupação
de Lula com a crise em torno de
Renan, mas sua única opção
política viável é tentar aprovar
a prorrogação da CPMF com o
senador no cargo -apesar de o
Planalto preferir a licença.
O calendário de votação da
CPMF já estava apertado mesmo antes do surgimento das
novas denúncias contra Renan,
de que ele teria mandado investigar os colegas Demóstenes
Torres (DEM-GO) e Marconi
Perillo (PSDB-GO).
A previsão anterior era que a
votação final da emenda que
prorroga a CPMF no Senado
ocorresse na segunda quinzena
de dezembro. Agora, o temor é
que ela fique para janeiro, já
que a oposição sinalizou que
não pretende encurtar os prazos de tramitação da proposta e
está disposta a obstruir votações até que Renan saia.
Segundo avaliação do Planalto, não há risco de a CPMF ser
rejeitada pelo Congresso. O governo conta com votos de senadores da oposição, que já manifestaram reservadamente sua
disposição de apoiar a prorrogação, mesmo contrariando a
orientação de seus partidos.
O problema é com relação ao
prazo. Pela legislação atual, a
contribuição deixa de existir
no próximo ano. Caso ela não
seja aprovada até o final do
ano, poderia ficar caracterizado juridicamente que ela não
estaria sendo simplesmente
prorrogada, mas recriada.
Nesse caso, teria de respeitar
uma noventena prevista na
Constituição -uma contribuição só pode ser cobrada 90 dias
depois de sua criação. Como a
previsão de arrecadação no
próximo ano está na casa dos
R$ 40 bilhões, três meses sem a
CPMF poderiam representar
sangria de R$ 10 bilhões.
O governo poderia tentar recorrer ao Supremo Tribunal
Federal tentando argumentar
que a CPMF não é um imposto
novo, mesmo no caso de ela ser
recriada depois de ser extinta.
Só que a Advocacia Geral da
União avalia que as chances de
vitória seriam pequenas.
Do ponto de vista político, o
cenário ideal para o governo
seria a licença de Renan do cargo, a fim de diminuir o nível de
conflito no Senado para tentar
costurar um acordo a fim de
aprovar a CPMF. O peemedebista, porém, não admite isso, o
que tira do governo espaço de
manobra para amenizar a crise.
Ontem, o Palácio do Planalto
sondou amigos de Renan para
checar a informação de que ele
estaria disposto a se licenciar.
A resposta foi que o presidente
do Senado mantém-se firme na
sua decisão de não se afastar.
Apesar da resistência de Renan, seus amigos no Senado
voltaram a aconselhá-lo a se licenciar. Na avaliação de renanzistas, se um processo de cassação contra ele fosse ao plenário
hoje, ele perderia o mandato.
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