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Prefeitos que gastam mais aumentam as chances de reeleição, afirma estudo
DA REPORTAGEM LOCAL
Os prefeitos que mais gastam
recursos públicos têm maiores
chances de serem reeleitos ou
de conduzirem seus correligionários à vitória nos pleitos municipais, de acordo com um estudo realizado a partir de dados
do período entre 1988 e 2000
de mais de 2.000 administrações de cidades do país.
O levantamento conduzido
pelos pesquisadores Naércio
Menezes, do Ibmec São Paulo,
e Sérgio Sakurai, da Faculdade
de Economia e Administração
da USP Ribeirão Preto, também mostra que os prefeitos
que buscam a reeleição usam
uma fórmula comum: elevam
salários e quadros do funcionalismo no último ano de gestão.
Segundo o estudo, a probabilidade média de um prefeito se
reeleger ou fazer seu sucessor é
de 38% nas hipóteses em que os
gastos orçamentários da gestão
superam o valor de R$ 1.000
por habitante. Já nas administrações com despesas inferiores a R$ 400 per capita, a probabilidade de vitória do prefeito ou de seu correligionário nas
eleições cai para 23,5%.
Para Menezes, gastos elevados não devem ser confundidos
com eficiência administrativa.
"No Brasil o eleitor se impressiona muito com os gastos, independentemente da sua qualidade e eficiência", afirma.
O pesquisador diz que a literatura especializada indica que
na Europa e nos Estados Unidos, que têm uma tradição de
eleições livres, os eleitores "não
se deixam mais enganar e punem os políticos que gastam
demais. Nesses países, o eleitor
gosta dos políticos que sabem
lidar com receitas e gastos de
maneira eficiente".
O estudo também aponta
que, nos anos das eleições, os
prefeitos aumentam os gastos
chamados de correntes, principalmente com a concessão de
aumentos salariais para os servidores e a contratação de pessoal. Os números da pesquisa
mostram que, nos anos eleitorais, o valor médio dos gastos
correntes por habitante é de
R$ 707, enquanto nos três primeiros anos de mandato a despesa é de R$ 664 per capita.
"Os gastos correntes têm um
impacto imediato. As pessoas
ficam felizes em ter um aumento salarial ou de conseguir um
emprego, e decidem em quem
votar em função desta situação
de curto prazo", diz Menezes.
(FLÁVIO FERREIRA)
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