São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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Prefeitos que gastam mais aumentam as chances de reeleição, afirma estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

Os prefeitos que mais gastam recursos públicos têm maiores chances de serem reeleitos ou de conduzirem seus correligionários à vitória nos pleitos municipais, de acordo com um estudo realizado a partir de dados do período entre 1988 e 2000 de mais de 2.000 administrações de cidades do país.
O levantamento conduzido pelos pesquisadores Naércio Menezes, do Ibmec São Paulo, e Sérgio Sakurai, da Faculdade de Economia e Administração da USP Ribeirão Preto, também mostra que os prefeitos que buscam a reeleição usam uma fórmula comum: elevam salários e quadros do funcionalismo no último ano de gestão.
Segundo o estudo, a probabilidade média de um prefeito se reeleger ou fazer seu sucessor é de 38% nas hipóteses em que os gastos orçamentários da gestão superam o valor de R$ 1.000 por habitante. Já nas administrações com despesas inferiores a R$ 400 per capita, a probabilidade de vitória do prefeito ou de seu correligionário nas eleições cai para 23,5%.
Para Menezes, gastos elevados não devem ser confundidos com eficiência administrativa. "No Brasil o eleitor se impressiona muito com os gastos, independentemente da sua qualidade e eficiência", afirma.
O pesquisador diz que a literatura especializada indica que na Europa e nos Estados Unidos, que têm uma tradição de eleições livres, os eleitores "não se deixam mais enganar e punem os políticos que gastam demais. Nesses países, o eleitor gosta dos políticos que sabem lidar com receitas e gastos de maneira eficiente".
O estudo também aponta que, nos anos das eleições, os prefeitos aumentam os gastos chamados de correntes, principalmente com a concessão de aumentos salariais para os servidores e a contratação de pessoal. Os números da pesquisa mostram que, nos anos eleitorais, o valor médio dos gastos correntes por habitante é de R$ 707, enquanto nos três primeiros anos de mandato a despesa é de R$ 664 per capita.
"Os gastos correntes têm um impacto imediato. As pessoas ficam felizes em ter um aumento salarial ou de conseguir um emprego, e decidem em quem votar em função desta situação de curto prazo", diz Menezes. (FLÁVIO FERREIRA)


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