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Incra de SP diz que fazenda da Cutrale está em área da União
Justiça Federal, porém, decidiu que órgão não tem direito à terra; governo recorreu
Superintendente do Incra
diz que a área foi comprada
pela União em 1909, mas
isenta ocupantes de má-fé;
empresa diz ter documentos
RODRIGO VIZEU
DA AGÊNCIA FOLHA
O superintendente do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em
São Paulo, Raimundo Pires Silva, disse ontem que estão irregularmente em terras da União
todos os proprietários e empresas com fazendas no antigo Núcleo de Colonização Monções.
A área, de 50 mil hectares, fica no centro-oeste do Estado,
entre os municípios de Iaras,
Borebi, Agudos, Lençóis Paulistas e Águas de Santa Bárbara.
Ali está a fazenda de 2.400
hectares da Cutrale invadida
pelo MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra) na semana passada. Os
sem-terra ficaram no local por
dez dias, derrubaram pés de laranja e depredaram tratores,
caminhões e imóveis da sede.
Segundo Silva, a região onde
fica a fazenda foi comprada pela União em 1909 para instalar
colonos. O projeto não vingou,
e as áreas ficaram desocupadas,
levando a um processo de ocupação irregular. O superintendente diz que o Incra, em 2003,
foi condenado pela Justiça a
implantar assentamentos no
local. A partir daí foi feito um
levantamento para identificar
o histórico das terras. Os atuais
ocupantes foram informados
sobre a titularidade irregular.
"É um patrimônio público,
pertence ao povo", disse Silva.
Segundo ele, não foram verificados casos de falsificação de
documentos e grilagem: as ocupações foram feitas de "boa-fé".
O Incra afirma que tentou
acordo com as empresas. A
Lwarcel Celulose reconheceu
que sua terra era da União, propôs ficar ali e, em troca, deu ao
órgão uma área em outra região. As empresas que chegaram a acordos são as únicas regularizadas, juntamente com
descendentes dos antigos colonos do núcleo, segundo o Incra.
Na Justiça, há 50 processos
questionando a posse das terras -entre eles o da Cutrale.
Uma decisão da Justiça Federal
entendeu que o órgão não tinha
direito de reclamar a terra da
multinacional, mas ainda não
julgou se a propriedade é mesmo pública. O Incra recorreu.
O diretor de relações institucionais da Cutrale, Carlos Otero, não quis polemizar: "Nosso
foco agora é recuperar o que foi
destruído." Ele descartou firmar um acordo com o Incra.
Diz que a a Cutrale "é dona" da
área e tem documentos.
Ontem, a Polícia Civil de Borebi anunciou que mais quatro
integrantes do MST que invadiram a fazenda da Cutrale em
Iaras (SP) foram identificados.
Agora são 11 as pessoas do movimento reconhecidas. Anteontem, o delegado Jader Biazon, responsável pelo inquérito
sobre a invasão, anunciou que
indiciará e pedirá a prisão temporária de integrantes do MST,
que atribuiu a depredação a
uma "armação" da Cutrale.
Colaborou a Agência Folha, em Campinas
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