|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONGRESSO
Senador Amir Lando propõe usar o dinheiro a ser arrecadado de sonegadores para aumentar salário a R$ 180
Combate à sonegação pode elevar mínimo
OTÁVIO CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da Comissão Mista de
Orçamento do Congresso, senador Amir Lando (PMDB-RO),
quer usar o dinheiro a ser arrecadado com o combate à sonegação
fiscal para financiar o aumento do
salário mínimo para R$ 180.
Para a utilização dessa verba, é
necessário a aprovação de projeto
de lei do senador Lúcio Alcântara
(PSDB-CE), que prevê à Receita
Federal a quebra do sigilo bancário de todos os correntistas cujos
dados da declaração de imposto
de renda forem incompatíveis
com a movimentação de recursos
identificada na cobrança da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira).
Estudo da assessoria técnica da
Comissão de Orçamento mostra
que a aprovação da lei resultaria
em um aumento de pelo menos
R$ 9 bilhões na arrecadação da
Receita em 2001. Parte desse valor
bancaria a elevação do mínimo.
Na tentativa de aprovar esse
projeto até o final do ano, a proposta de Lando será discutida na
próxima reunião do colégio de líderes da Câmara, marcada para
terça-feira. O PSDB aprova a proposta, que também tem a simpatia do PT. PMDB e PFL ainda não
se definiram sobre o assunto.
Mas há dificuldades. A principal
é que a pauta de votações da Câmara está bloqueada há um mês.
A expectativa é que a situação só
vai mudar em 15 ou 20 dias. Outro
problema é que o projeto está na
Câmara, onde foi alterado pelo
deputado Ney Lopes (PFL-RN).
Segundo a nota técnica, as modificações dificultam um aumento imediato da arrecadação. Por
isso precisaria ser aprovado pela
Câmara o projeto original de Alcântara, apresentado há sete anos.
Lando vai apresentar a proposta
hoje, em reunião com representantes de todos os partidos sobre
o mínimo. "Espero apoio de todos os partidos, porque quando
há vontade política a aprovação é
rápida", disse o senador.
A nota técnica aponta que a
aprovação da lei geraria um aumento de arrecadação entre R$ 9
bilhões e R$ 11 bilhões por ano,
apenas com as pessoas que deixariam de sonegar por medo de serem pegas pela Receita Federal.
Parte desse dinheiro iria para
Estados e municípios e outra para
despesas obrigatórias de educação e saúde. Sobrariam 20% (cerca de R$ 1,8 bilhão). Somada aos
R$ 2 bilhões que passariam a ser
arrecadados dos fundos de pensão, essa quantia seria suficiente
para elevar o mínimo a R$ 180.
Para Lando, a vantagem da proposta é que o aumento do mínimo não eleva os impostos: "Ninguém aguenta mais tantos impostos. Se todos pagarem o que devem, dá para aumentar o mínimo
e até reduzir a carga tributária".
Texto Anterior: Rio de Janeiro: Para Maia, Conde usa "artifício contábil" para fechar contas Próximo Texto: Mudança não elevará receita, diz especialista Índice
|