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Jarbas Vasconcelos quer formar
dissidência para "expelir" Itamar
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), 59, defende a formação de uma dissidência com
mais de 50% do partido para inviabilizar qualquer possibilidade
de candidatura do governador
Itamar Franco (PMDB-MG) à
Presidência da República.
"Defendo uma dissidência para
não votar em Itamar, para expeli-lo, para tirá-lo dessa candidatura", afirmou Jarbas, em entrevista
à Agência Folha na noite de anteontem. Itamar foi procurado
ontem, por intermédio de sua assessoria, mas não comentou as
declarações de Jarbas.
O governador pernambucano
afirmou ainda que uma vitória do
deputado Michel Temer (SP) nas
prévias do partido reconduziria o
PMDB à mesa de negociações para manutenção da aliança governista, apesar da decisão anterior
pela candidatura própria.
A seguir, trechos da entrevista.
Agência Folha - Por que o senhor
desistiu de disputar as prévias?
Jarbas Vasconcelos - Eu nunca tive a intenção de disputar prévias
ou de ser candidato a presidente.
Sempre defendi uma tese: só teremos chances na eleição se mantivermos a base partidária.
Agência Folha - Que análise o senhor faz da entrada do deputado
federal e presidente do PMDB, Michel Temer, nas prévias?
Jarbas - Até segunda-feira ele se
define para enfrentar Itamar
[Franco". Itamar deveria procurar um partido de oposição. Procurou o PMDB, partido com que
tem pouca identidade, e quer postular uma candidatura oposicionista, levando o partido a um
constrangimento.
O PMDB tem sido governista, e
a opinião pública não vai tolerar:
o governo foi bom e prestou até
ontem, hoje não presta porque vai
ter uma candidatura de oposição.
Agência Folha - O senhor defende
o esvaziamento das prévias, caso o
governador seja candidato único?
Jarbas - Defendo outra tese: ou a
candidatura própria -não tenho
muita simpatia por essa opção-
com Michel Temer, para a gente
ganhar como ganhou a convenção, ou então formar uma dissidência que seja maior que o candidato, ou seja, uma dissidência
com mais de 50% do partido.
Agência Folha - Uma dissidência
para atuar em que momento?
Jarbas - Uma dissidência para
não votar em Itamar, para expeli-lo, para tirá-lo dessa candidatura.
Agência Folha - Na possibilidade
de Itamar ser o candidato, qual seria a opção dos governistas?
Jarbas - Acho que o PMDB deve
ter disposição de sentar à mesa
para discutir com os outros partidos, PSDB, PFL. Coisa que o Itamar Franco não cogita, não aceita.
Agência Folha - E se Michel Temer
vencer?
Jarbas - Pode ser o candidato e
terá flexibilidade para discutir isso que acabei de colocar.
Agência Folha - O senhor acha
que ele retomaria as conversações
para manter o PMDB na aliança?
Jarbas - Acho. Senão ele já teria
comandado a retirada do partido
do governo.
Agência Folha - Poderia então haver uma revisão da decisão do partido de ter candidato próprio?
Jarbas - Não, não é isso. Ele seria
candidato, mas ninguém se elege
sozinho. O que eu quero dizer é
que Michel vai procurar apoio, e
quem vai buscar apoio, se encontrar alguém com potencial maior,
pode ceder. Isso não é improvável. Política é força, é jogo democrático de discussão.
Agência Folha - Itamar disse que
a traição pode existir em homens
acoplados ao Palácio do Planalto...
Jarbas - Isso é um disco virado.
Ele só sabe dizer isso.
Agência Folha - E o seu futuro?
Jarbas - Só decidirei em março.
Mas, com toda a certeza, candidato à Presidência não serei.
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