São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS

Sílvio Pereira entra com pedido de habeas corpus no STF alegando que CPI teria pedido que ele fosse levado algemado ao Congresso

Ex-secretário do PT foge da CPI pela 2ª vez

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela segunda vez, o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira deixou de prestar depoimento à CPI dos Bingos, provocando reação de parlamentares, entre eles o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que deixou a sessão.
Pereira chegou a entrar com pedido de habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) para não depor. Alegou não ter sido intimado e, além disso, que a CPI teria recomendado à Polícia Federal sua condução ao Congresso algemado. A comissão nega. O relator do caso no STF, ministro Marco Aurélio de Mello, porém, ainda não decidiu sobre o pedido. Ele solicitou informações à CPI.
O advogado de Pereira, Arnaldo Malheiros Filho, ligou ontem para o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), para avisar que seu cliente não poderia comparecer. "Da primeira vez, seu cliente não quis vir depor porque estava tomando banho de sol. Agora, se escondeu. Isso é visível. Nós vamos novamente solicitar [a convocação]. Só queria respeito ao Senado", disse Morais.
Ao iniciar a sessão, Morais disse aos parlamentares -no momento havia seis na sala- que o agente da PF responsável pela intimação tinha conversado com o advogado na véspera sobre a data do depoimento. Também negou que a comissão tivesse ameaçado algemar Pereira e informou que faria uma nova convocação.
"Em nenhum momento houve essa ameaça. Da primeira vez, ele estava ausente, em Ilhabela. Há 72 horas a Polícia Federal tenta contato. Iremos mais uma vez fazer a convocação", disse Morais, que quer marcar a nova data hoje.
A comissão ouvirá o ex-secretário-geral do PT na tentativa de aprofundar as investigações sobre eventuais desvios de recursos de prefeituras petistas para caixa dois de campanhas políticas.
ACM solicitou que a sessão fosse suspensa em protesto, mas o presidente da CPI decidiu manter o depoimento do deputado federal Jamil Murad (PC do B-SP), o segundo convocado do dia.
Por meio do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o advogado informou à CPI que Pereira comparecerá em nova data. A Folha ligou para o escritório de Malheiros, mas não o localizou.

Caso Santo André
Médico nefrologista, Murad foi chamado pela CPI porque acompanhou a autópsia do corpo do prefeito morto de Santo André Celso Daniel, em janeiro de 2002.
A comissão investiga a possível relação do assassinato do prefeito com esquemas de propina ligados a empresas de lixo, transporte e bingos. No depoimento, Murad rebateu o laudo do legista Carlos Delmonte Printes, cuja conclusão foi que Celso Daniel foi torturado: "Compareço para declarar o que vi na autópsia, e não vi sinais de que ele tenha sido torturado".
Printes foi encontrado morto em seu escritório no mês passado. A polícia trabalha com a hipótese de suicídio do legista, que deixou cartas para o filho e para a mulher dando instruções caso ele morresse. "Estão querendo embasar a tese de que Celso Daniel foi torturado para que entregasse um dossiê. Acho que isso deve ser investigado, mas que não seja baseado em laudo de tortura", disse Murad.
Ontem, a CPI também aprovou a convocação da empresária de ônibus Rosângela Gabrilli -que denunciou o esquema de cobrança de propina em Santo André- e de um garçom com o codinome Jack. Ele prestou depoimento no caso do prefeito morto de Campinas Antonio da Costa Santos, conhecido como Toninho do PT.
A CPI ouvirá hoje o advogado Rogério Buratti, ex-secretário do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) na Prefeitura de Ribeirão Preto, e Vladimir Poleto, ex-assessor do ministro.
Os dois foram convocados devido a denúncias publicadas pela revista "Veja" de que o PT teria recebido recursos de Cuba para a campanha de 2002. O PT nega.


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