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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS
Sílvio Pereira entra com pedido de habeas corpus no STF alegando que CPI teria pedido que ele fosse levado algemado ao Congresso
Ex-secretário do PT foge da CPI pela 2ª vez
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pela segunda vez, o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira deixou de prestar depoimento à CPI
dos Bingos, provocando reação
de parlamentares, entre eles o senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), que deixou a sessão.
Pereira chegou a entrar com pedido de habeas corpus no STF
(Supremo Tribunal Federal) para
não depor. Alegou não ter sido intimado e, além disso, que a CPI teria recomendado à Polícia Federal
sua condução ao Congresso algemado. A comissão nega. O relator
do caso no STF, ministro Marco
Aurélio de Mello, porém, ainda
não decidiu sobre o pedido. Ele
solicitou informações à CPI.
O advogado de Pereira, Arnaldo
Malheiros Filho, ligou ontem para
o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), para avisar que seu cliente não poderia comparecer. "Da primeira vez,
seu cliente não quis vir depor porque estava tomando banho de sol.
Agora, se escondeu. Isso é visível.
Nós vamos novamente solicitar [a
convocação]. Só queria respeito
ao Senado", disse Morais.
Ao iniciar a sessão, Morais disse
aos parlamentares -no momento havia seis na sala- que o agente da PF responsável pela intimação tinha conversado com o advogado na véspera sobre a data do
depoimento. Também negou que
a comissão tivesse ameaçado algemar Pereira e informou que faria uma nova convocação.
"Em nenhum momento houve
essa ameaça. Da primeira vez, ele
estava ausente, em Ilhabela. Há 72
horas a Polícia Federal tenta contato. Iremos mais uma vez fazer a
convocação", disse Morais, que
quer marcar a nova data hoje.
A comissão ouvirá o ex-secretário-geral do PT na tentativa de
aprofundar as investigações sobre
eventuais desvios de recursos de
prefeituras petistas para caixa
dois de campanhas políticas.
ACM solicitou que a sessão fosse suspensa em protesto, mas o
presidente da CPI decidiu manter
o depoimento do deputado federal Jamil Murad (PC do B-SP), o
segundo convocado do dia.
Por meio do senador Eduardo
Suplicy (PT-SP), o advogado informou à CPI que Pereira comparecerá em nova data. A Folha ligou para o escritório de Malheiros, mas não o localizou.
Caso Santo André
Médico nefrologista, Murad foi
chamado pela CPI porque acompanhou a autópsia do corpo do
prefeito morto de Santo André
Celso Daniel, em janeiro de 2002.
A comissão investiga a possível
relação do assassinato do prefeito
com esquemas de propina ligados
a empresas de lixo, transporte e
bingos. No depoimento, Murad
rebateu o laudo do legista Carlos
Delmonte Printes, cuja conclusão
foi que Celso Daniel foi torturado:
"Compareço para declarar o que
vi na autópsia, e não vi sinais de
que ele tenha sido torturado".
Printes foi encontrado morto
em seu escritório no mês passado.
A polícia trabalha com a hipótese
de suicídio do legista, que deixou
cartas para o filho e para a mulher
dando instruções caso ele morresse. "Estão querendo embasar a tese de que Celso Daniel foi torturado para que entregasse um dossiê.
Acho que isso deve ser investigado, mas que não seja baseado em
laudo de tortura", disse Murad.
Ontem, a CPI também aprovou
a convocação da empresária de
ônibus Rosângela Gabrilli -que
denunciou o esquema de cobrança de propina em Santo André-
e de um garçom com o codinome
Jack. Ele prestou depoimento no
caso do prefeito morto de Campinas Antonio da Costa Santos, conhecido como Toninho do PT.
A CPI ouvirá hoje o advogado
Rogério Buratti, ex-secretário do
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) na Prefeitura de Ribeirão Preto, e Vladimir Poleto, ex-assessor do ministro.
Os dois foram convocados devido a denúncias publicadas pela
revista "Veja" de que o PT teria
recebido recursos de Cuba para a
campanha de 2002. O PT nega.
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