São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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Valério apresenta documentos para provar que Visanet ainda deve à DNA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A guerra de versões entre a CPI dos Correios e o publicitário Marcos Valério de Souza teve como munição ontem 15 quilos de papéis, levados em duas caixas por seu advogado à analise dos membros da comissão.
Com a papelada, Marcos Valério tenta convencer a CPI de que ainda tem a receber da cota do Banco do Brasil no Fundo de Incentivo Visanet R$ 3,8 milhões.
O publicitário investe, assim, contra uma das principais conclusões da CPI dos Correios, de que pelo menos R$ 10 milhões da Visanet teriam sido desviados, por ordem do Banco do Brasil, para o caixa dois do PT.
Segundo o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), os pagamentos antecipados à DNA sem prévia comprovação de gastos eram forma de favorecimento à agência do publicitário.
Tanto o banco como a Visanet negam que devam qualquer valor à agência de publicidade.

Carta
Entre os documentos, consta uma carta assinada pelo gerente-executivo de atendimento e controle do Banco do Brasil e encaminhada à agência em 17 de janeiro. A carta informa a existência de um saldo, no final de 2004, em favor da Visanet, no valor de pouco mais de R$ 2 milhões.
Na semana passada, a CPI dos Correios recebeu um documento em que o Banco do Brasil informava um saldo pendente de comprovação de gastos pela Visanet ao final de 2004 no valor de pouco mais de R$ 9 milhões.
De acordo com a assessoria da DNA Propaganda, da qual Marcos Valério foi sócio, a agência de publicidade teria prestado serviços à Visanet em 2005 no valor de R$ 12,9 milhões, que ainda não teriam sido pagos pela empresa.
O dinheiro faria parte, como as demais quantias, da cota do Banco do Brasil no Fundo de Incentivo Visanet, destinado à publicidade dos cartões de débito e crédito da bandeira Visa.
Por uma mudança de regra promovida no início de 2003, com o apoio do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, a DNA passou a receber o dinheiro de publicidade antecipadamente, antes mesmo da definição de campanhas publicitárias.
O mecanismo rendeu o repasse antecipado de R$ 73,8 milhões à agência num período de oito meses, segundo a CPI.
De acordo com a DNA, se considerado o primeiro documento sobre o saldo pendente de comprovação de gastos pela agência, a empresa ainda teria a receber da Visanet R$ 10,9 milhões.
Considerado o valor de R$ 9,1 milhões que o Banco do Brasil apontou recentemente como o montante pendente de comprovação de gasto, a agência ainda seria credora de R$ 3,8 milhões, afirma a DNA Propaganda.

Outro lado
Procurada pela Folha, a Visanet informou ontem que " não existem pendências de pagamentos para a DNA por serviços prestados ao Banco do Brasil em seus registros de controle".
O Banco do Brasil ainda aguarda a prestação de contas da DNA de um total de R$ 9,1 milhões repassados antecipadamente à agência, dos quais R$ 1,3 milhão não teria sido objeto de nenhuma campanha encomendada.
(MARTA SALOMON)


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