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Justiça apura uso de cartão da Presidência para pagar lanche
Assessor comprou 280 lanches com dinheiro público no dia em que Lula esteve em Jacareí
Governo diz que alimentos foram para seguranças e assessores da Presidência; para advogado, militantes petistas foram beneficiados
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Um cartão de crédito corporativo da Presidência da República foi utilizado na compra de
280 "kits de lanches", em Jacareí (SP), no dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
fez comício na cidade, em setembro passado.
Essa compra, no valor de R$
2.212, está sendo investigada
pela Justiça Eleitoral de São
Paulo após representação feita
pelo advogado Sidnei de Oliveira Andrade, consultor jurídico
da Câmara Municipal de Jacareí. Ele afirma que parte dos
lanches foi distribuída para militantes petistas. "Para o pessoal que veio nas caravanas para o comício, cerca de dez ônibus", disse.
A Presidência confirma a
aquisição dos lanches, mas nega irregularidades. Segundo a
assessoria de imprensa da Casa
Civil, responsável pelos cartões
corporativos, os lanches foram
distribuídos para o pessoal de
segurança e do apoio presidencial, de acordo com a legislação.
Anteontem, a juíza eleitoral
de Jacareí Antonia Brasilina de
Paula Farah encaminhou o
processo para o TRE (Tribunal
Regional Eleitoral), que vai repassá-lo à Procuradoria Regional Eleitoral para apuração, já
que pode envolver a campanha
da reeleição de Lula.
Além da representação do
advogado, a Justiça de Jacareí
anexou no processo as notas
fiscais e o comprovante do cartão de crédito.
Almoço
As notas fiscais apontam que,
no dia 22 de setembro, nove
pessoas da segurança e da equipe do presidente se alimentaram na Churrascaria Gaúcha
Romani, em Jacareí. O almoço,
no valor de R$ 90, foi pago com
o cartão corporativo em poder
de Mauro Augusto da Silva.
No dia seguinte, quando o
presidente participaria de um
comício na cidade, o mesmo
funcionário do almoxarifado da
Casa Civil voltou ao restaurante e utilizou novamente o cartão para comprar 280 lanches,
ao preço unitário de R$ 7,90.
A Folha deixou recados no
celular de Silva, mas não houve
resposta até o fechamento desta edição. A reportagem enviou
mensagem em seu e-mail, mas
também não teve sucesso.
O dono da churrascaria, Celso Romani, 43, afirmou que
não sabe do destino dos lanches, levados pela própria equipe da Presidência numa van.
"Não sou militante do PT nem
do PSDB. Sou como Cristovam
Buarque: não levei nada", disse.
Suspeitas
O fim do sigilo das compras
feitas com o cartão corporativo
foi cobrada pelo tucano Geraldo Alckmin ao presidente Lula
durante debate no segundo turno. "A única coisa boa que FHC
criou no governo dele foi exatamente esse cartão corporativo", afirmou o petista.
Em 2005 surgiram suspeitas
da utilização de notas fiscais
frias para justificar gastos com
cartões corporativos. O TCU
analisa o caso.
Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, da Reportagem Local
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