São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Brasil não passa por crise de gás, diz Garcia

Apesar da declaração do assessor, Lula deve se reunir hoje com Evo Morales para discutir a questão do combustível

Presidente brasileiro não fez declarações públicas ontem, na cúpula em Santiago do Chile; vários dos chefes de Estado excederam o tempo

Jorge Araújo/Folha Imagem
Presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Evo Morales, da Bolívia, plantam árvores, em Santiago, durante a Cúpula Ibero-Americana


DO ENVIADO A SANTIAGO

O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou ontem, em Santiago do Chile, durante a 17ª Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, que o Brasil não passa por uma crise de falta de gás. "Nós não estamos hoje em uma situação de crise. Estamos tomando exatamente medidas preventivas para que uma crise não venha a se colocar no médio e no longo prazo. Hoje nós temos uma situação de equilíbrio de gás. Mas é evidente que nos interessa ter uma folga."
Ele disse que não existe negociação com a Bolívia para solucionar a recente escassez de gás natural no Brasil.
"Nós não temos uma negociação hoje com a Bolívia em matéria de gás. A Bolívia nos está pedindo algo, que nos parece razoável e que para nós tem uma importância também grande, que é a necessidade de fazer novos investimentos."
Garcia afirmou que o descobrimento de novas reservas de petróleo pela Petrobras não alteram a relação do Brasil com a Bolívia em matéria de gás. "Nós temos um acordo com a Bolívia, que vai até 2019, e nós queremos honrar esse acordo. Sempre dissemos que independentemente da descoberta de novas fontes energéticas no Brasil nós gostaríamos de continuar nossa cooperação com a Bolívia. Esperamos ter um período de grande expansão da nossa economia, então vamos precisar de gás."
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez declarações públicas durante o segundo dia da da Cúpula. O discurso que o presidente faria foi suspenso porque seus colegas não se ativeram ao limite de cinco minutos imposto por intervenção. Outros presidentes, como Evo Morales (Bolívia) e Alvaro Uribe (Colômbia) também não discursaram e devem fazê-lo hoje, no encerramento do evento.
Lula participou pela manhã da primeira reunião plenária de mandatários da cúpula. Também teve reuniões particulares com o secretário ibero-americano, Enrique Iglesias, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Luis Alberto Moreno, e o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos.
Com esse último, acertaram detalhes para a construção, pela usina binacional Itaipu, de uma linha de transmissão para levar eletricidade a Assunção, que custará US$ 200 milhões e será paga pela companhia.
"Essa linha terá uma incidência muito grande não só na melhoria da qualidade energética daquela região do Paraguai como sobretudo favorecerá um processo de industrialização. Nós estamos absolutamente convencidos de que é de fundamental importância que o Paraguai se industrialize. Para isso, evidentemente, ele tem energia e deve usufruir dessa energia", explicou Garcia.
À tarde, Lula participou de reunião fechada com os outros presidentes. O circuito interno disponível na sala de imprensa mostrou imagens do brasileiro falando, mas sem som.
No início da noite, Lula tinha reunião com o presidente da Bolívia, Evo Morales, que foi cancelada. A reunião deve ser hoje.
Ontem à noite aconteceu o jantar oficial com os participantes da Cúpula. (RR)


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