São Paulo, quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

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Corrupção pode estar dentro de casa, diz Lula

Presidente compara crime à situação de um pai que não percebe que "o filho está queimando um baseadinho no quarto"

Sem mencionar mensalão do DEM, Lula diz que governos precisam de "check-up" anual para identificar políticos corruptos com "cara de anjo"

Sérgio Lima/Folha Imagem
Jorge Hage, Lula e Gilmar Mendes em evento contra a corrupção

SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao anunciar ontem o envio de projeto de lei ao Congresso que endurece os flagrantes de corrupção, o presidente Lula afirmou que esse tipo de crime às vezes acontece dentro de casa sem que se perceba.
"A corrupção é como uma droga (...) Às vezes, o filho está queimando um "baseadinho" no quarto, e ele [pai] não sabe. A corrupção é assim. Às vezes ela está dentro da tua casa, ela está na tua porta e você não sabe."
Há quatro anos, o presidente enfrentou denúncias de que seu governo pagava mensalão a deputados em troca de apoio em votações. Lula disse na época que não sabia do esquema.
"Eu prefiro que saia manchete para a gente poder investigar, do que não sair nada e a gente continuar sendo roubado e continuar não sabendo o que está acontecendo", disse.
Em nenhum momento no evento contra a corrupção, Lula mencionou o escândalo do mensalão do DEM no Distrito Federal.
Lula afirmou que, ao apresentar a proposta, o governo está agindo para combater a "safadeza" com o dinheiro público e defendeu rigor nas punições, principalmente as que atinjam o "alto clero".
"Um cara que rouba um pãozinho vai preso e um cara que rouba R$ 1 bilhão não vai preso (...) Se não aumentarmos a punição para essa gente, vamos continuar enchendo as cadeias de pobres", declarou.
Lula criticou a existência dos paraísos fiscais, disse que o Brasil é um dos países que mais têm instituições de combate à corrupção e afirmou que levará o seu projeto à próxima reunião do G20 (grupo das maiores economias do mundo).
Segundo o presidente, a administração pública deve fazer um "check-up" anual para tentar identificar ações de corrupção, já que muitos que a praticam têm "cara de anjo" e não dão sinais de que estão desviando recursos públicos.
O ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, que organizou o evento pelo Dia Internacional Contra a Corrupção, apresentou vídeos com 25 depoimentos de pessoas exaltando o trabalho da Controladoria, desde servidores a funcionários da ONU e o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa.


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