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Plano de longo prazo prevê Estado forte
Para ministro Samuel Pinheiro Guimarães, ideias do projeto "Brasil 2022" podem influenciar o programa de governo de Dilma
Titular da Secretaria de Assuntos Estratégicos diz que Estado tem de financiar os grandes investimentos em infraestrutura no país
MALU DELGADO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Encarregado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de
preparar o plano batizado de
"Brasil 2022", o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, 70, conduz estudos que
certamente vão inspirar o programa de governo que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil)
apresentará nesta campanha
presidencial. "Pode ser útil [para Dilma]", admite ele.
Nas diretrizes que o ministro
traça, a energia nuclear é tratada como estratégica e são previstas construções de usinas de
enriquecimento de urânio no
Sudeste e no Nordeste (não para fins militares), o capital externo deve ser taxado, e os limites da abertura da economia
são determinados pelos interesses do mercado interno.
"Todo país continental tem
um grau de abertura da economia pequeno porque ele pode
produzir mais." O ministro
aplaude a decisão do governo
de aplicar IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras) sobre a
entrada de capital estrangeiro e
sinaliza que o tema pode reservar novas medidas no futuro.
"O Brasil é um dos países do
mundo que mais recebe capital
estrangeiro. E estão muito satisfeitos com o Brasil, não é?
Senão, não viriam para cá."
A parte teórica do plano será
concluída até o fim do mês, mas
serão abertas consultas públicas dentro do governo e a especialistas em áreas setoriais. A
previsão é que o programa definitivo seja divulgado em junho,
a quatro meses das eleições. Samuel Pinheiro ri quando questionado sobre a polêmica política em relação ao tamanho e
papel que o Estado deve ter.
Ele vai direto ao ponto: "O
Brasil foi muito criticado porque, aparentemente, durante
anos, não desregulamentou o
que deveria desregulamentar,
não reduziu o tamanho do Estado, não privatizou o que tinha
que privatizar. E o que nós vimos? O Brasil saiu muito bem
da crise porque não privatizou
o que queriam que se privatizasse, não desregulamentou
tudo o que queriam. O setor financeiro era regulamentado,
ainda tínhamos grandes bancos para estimular a demanda".
O Estado tem de ser o condutor e financiador dos grandes
investimentos de infraestrutura, afirma. Programas de transferência de renda persistem a
longo prazo neste modelo de
desenvolvimento. "Cabe ao Estado brasileiro atender a população que sofre os efeitos das
disparidades."
O plano será um emaranhado de metas de longo prazo, separadas por áreas dos mais de
30 ministérios do governo, a serem alcançadas até 2022, ano
do bicentenário da Independência do Brasil. A Casa Civil
tem representantes em todos
esses grupos setoriais.
Pé no chão
Sucessor na pasta de personagens polêmicos, como Mangabeira Unger, ele conserva a
diplomacia ao falar dos antecessores.
Apesar de elogiar "a inteligência" de Mangabeira, que
idealizava o transporte de
águas da bacia amazônica ao
Nordeste, ele demonstra ter os
pés mais no chão: "Para a secretaria ser mais útil, ela tem que
trabalhar em estreita colaboração com os outros ministérios".
Para o ministro, a política externa pode virar debate da campanha. "A política externa adquiriu importância tão grande
no Brasil que se tornou um tema de debate público. Política
externa é política de governo.
Então, é sujeita ao debate e à
controvérsia", afirma.
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