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CRISE NO ES
Procuradoria pediu prisão
Gravação sugere que Gratz tem plano de fuga
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM VITÓRIA
A Polícia Federal gravou telefonemas que revelam um possível
esquema de fuga do ex-presidente da Assembléia Legislativa capixaba José Carlos Gratz (PFL). O
deputado está com a prisão preventiva pedida há um mês.
Gratz é acusado de usar recursos públicos para comprar o voto
de deputados em sua eleição para
a presidência da Casa, em 2000. A
Procuradoria da República também pediu a prisão preventiva de
sete parlamentares, que tiveram o
mandato suspenso pela Justiça.
Numa das gravações, o chefe da
segurança da Assembléia, coronel
Élvio Rebouças, e o então diretor
da Casa, André Nogueira, nomeado por Gratz, falam da possibilidade de pessoas ligadas ao ex-presidente da Assembléia serem presas e de um esquema de fuga para
o deputado: "Se for tirar ele, o Zé
Carlos [Gratz], eu não vou colocar
o pessoal da segurança para ir
junto não, tá. Vai eu sozinho. Se
ele for pegar o avião em tal local,
se for levar em tal local, eu vou
com ele sozinho que aí ele vai no
meu carro e não chama atenção",
diz o coronel Élvio Rebouças.
Segundo o Ministério Público, a
gravação foi feita na semana anterior à eleição para o novo presidente da Assembléia, segunda-feira da semana passada. Apesar
de reeleito para novo mandato,
Gratz não assumiu porque teve o
registro cassado pelo TSE por
abuso de poder econômico.
O procurador-chefe no Espírito
Santo, Henrique Herkenhoff, disse que não há nada que se possa
fazer: "Já pedimos a prisão preventiva dele. Agora tem que esperar que o pedido seja julgado." O
caso está no Tribunal Regional
Federal da 2ª Região, no Rio.
O coronel Rebouças foi preso
preventivamente no final da semana passada acusado de obstrução do trabalho da Justiça e lesão
corporal contra dois procuradores e uma oficial de Justiça -fatos
ocorridos quando foi eleita a nova
mesa diretora da Assembléia.
Eles tentavam entrar no plenário para entregar liminar determinando o afastamento de cinco deputados, o que os impediria de
votar. Eles foram barrados pela
segurança da Assembléia. Devido
ao incidente, o TJ anulou a eleição
de Geovani Silva para a presidência da Casa, que tinha sido eleito
com o apoio do grupo de Gratz.
A PF gravou diálogo entre Gratz
e o então diretor da Casa sobre a
eleição da Mesa Diretora. "Peita
todo mundo. Pode dar colher de
chá não, rapaz", diz Gratz. "Nós
tamos peitando. O próprio Zé Ramos tá caindo fora para o outro
lado", diz Nogueira. Gratz manda
ameaçá-lo: "Fala para o Zé Ramos
não fazer isso não. Ele vai pagar
caro no futuro. Ameaça, pô!"
Torquato Jardim, um dos advogados de Gratz, disse que não falaria: "Só cuidei do processo que
pediu a cassação do registro de
candidatura, no TSE". A Agência
Folha tentou falar com Gratz, mas
seus celulares foram cancelados.
André Nogueira e o advogado de
Rebouças não foram localizados.
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