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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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CRISE NO ES

Procuradoria pediu prisão

Gravação sugere que Gratz tem plano de fuga

FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM VITÓRIA

A Polícia Federal gravou telefonemas que revelam um possível esquema de fuga do ex-presidente da Assembléia Legislativa capixaba José Carlos Gratz (PFL). O deputado está com a prisão preventiva pedida há um mês.
Gratz é acusado de usar recursos públicos para comprar o voto de deputados em sua eleição para a presidência da Casa, em 2000. A Procuradoria da República também pediu a prisão preventiva de sete parlamentares, que tiveram o mandato suspenso pela Justiça.
Numa das gravações, o chefe da segurança da Assembléia, coronel Élvio Rebouças, e o então diretor da Casa, André Nogueira, nomeado por Gratz, falam da possibilidade de pessoas ligadas ao ex-presidente da Assembléia serem presas e de um esquema de fuga para o deputado: "Se for tirar ele, o Zé Carlos [Gratz], eu não vou colocar o pessoal da segurança para ir junto não, tá. Vai eu sozinho. Se ele for pegar o avião em tal local, se for levar em tal local, eu vou com ele sozinho que aí ele vai no meu carro e não chama atenção", diz o coronel Élvio Rebouças.
Segundo o Ministério Público, a gravação foi feita na semana anterior à eleição para o novo presidente da Assembléia, segunda-feira da semana passada. Apesar de reeleito para novo mandato, Gratz não assumiu porque teve o registro cassado pelo TSE por abuso de poder econômico.
O procurador-chefe no Espírito Santo, Henrique Herkenhoff, disse que não há nada que se possa fazer: "Já pedimos a prisão preventiva dele. Agora tem que esperar que o pedido seja julgado." O caso está no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio.
O coronel Rebouças foi preso preventivamente no final da semana passada acusado de obstrução do trabalho da Justiça e lesão corporal contra dois procuradores e uma oficial de Justiça -fatos ocorridos quando foi eleita a nova mesa diretora da Assembléia.
Eles tentavam entrar no plenário para entregar liminar determinando o afastamento de cinco deputados, o que os impediria de votar. Eles foram barrados pela segurança da Assembléia. Devido ao incidente, o TJ anulou a eleição de Geovani Silva para a presidência da Casa, que tinha sido eleito com o apoio do grupo de Gratz.
A PF gravou diálogo entre Gratz e o então diretor da Casa sobre a eleição da Mesa Diretora. "Peita todo mundo. Pode dar colher de chá não, rapaz", diz Gratz. "Nós tamos peitando. O próprio Zé Ramos tá caindo fora para o outro lado", diz Nogueira. Gratz manda ameaçá-lo: "Fala para o Zé Ramos não fazer isso não. Ele vai pagar caro no futuro. Ameaça, pô!"
Torquato Jardim, um dos advogados de Gratz, disse que não falaria: "Só cuidei do processo que pediu a cassação do registro de candidatura, no TSE". A Agência Folha tentou falar com Gratz, mas seus celulares foram cancelados. André Nogueira e o advogado de Rebouças não foram localizados.


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