UOL

São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NO AR

Nuvens sobre o palácio

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Os técnicos do FMI chegaram ontem ao Brasil. E a Globo anunciou "nuvens pesadas sobre o Palácio do Planalto".
Não é o FMI que traz as nuvens. Pelo menos não na forma de crítica. Como registrou o Jornal Nacional, o Fundo elogiou fartamente -como era de esperar- o aumento da meta de superávit.
As nuvens sobre o palácio de Lula são brasileiras, à esquerda e à direita.
Lula pode ter aberto a reunião ministerial de ontem lembrando como foram produtivos seus primeiros 40 dias.
Pode ter sublinhado a "prioridade absoluta" à área social, livre do corte bilionário que anunciou.
Pode também ter anunciado 14 medidas, da desapropriação de terras ao leite subvencionado, para apresentar mais do que más notícias.
Pode, por fim, ter jogado a maior parte da culpa pelas más notícias nas costas de FHC e sua "subestimação de despesas" no Orçamento.
Mas nuvens de fumaça não escondem o sumiço de R$ 14 bilhões, em cortes no Orçamento. E a "nuvem pesada" de críticas se formou.
À direita, dois tucanos tripudiaram os cortes no JN. E um pefelista apareceu para reclamar do sacrifício das emendas dos parlamentares. À esquerda, um dos quatro radicais petistas surgiu na mesma Globo para fazer mais ameaças.
Ainda na Globo, o presidente do PT, José Genoino, pelo menos não evitou a palavra: o nome é "arrocho".
Nem ele nem Alexandre Garcia, que ecoava a repercussão no exterior de que "este governo não é produto de uma esquerda arcaica, que ignora o mercado: é o iniciador da política econômica mais ortodoxa que o Brasil já conheceu".
Soou como elogio.
 
A Fox News incorporou o alerta de ataque terrorista de Bush. Está na tela, sem parar, um alarmante selo laranja dizendo que o risco é alto.
A histeria da Fox News, que ajuda a tornar a guerra um fato inevitável, contrasta com a CNN da primeira Guerra do Golfo, que tinha um correspondente em Bagdá e era acusada de "traição".
Ted Turner, criador da CNN e afastado da direção da AOL Time Warner, corporação que comprou o canal, lamentava ontem a venda e se debatia contra a guerra.
Diz que agora, se perdeu o pouco poder que tinha na corporação, ganhou "o poder da língua":
- Eu posso falar.


Texto Anterior: Petista é eleito presidente da Assembléia
Próximo Texto: Operação social: Guaribas corre risco de intervenção
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.