São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Ministro diz que fica no cargo até o final do governo, "se o presidente assim quiser"

Palocci diz que junho é tarde demais para Lula se lançar

Tuca Vieira/Folha Imagem
Antonio Palocci coloca luvas ao sair de hotel, em Moscou, onde participou de uma reunião do G8


FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, se disse ontem contrário à decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de anunciar só em junho uma provável candidatura à reeleição. Negou também que deixará o cargo para assumir a coordenação da campanha ou outro posto no governo, assegurando que fica à frente da economia até o final da gestão, a menos que Lula não queira.
Trata-se do primeiro integrante do chamado núcleo duro do governo a discordar abertamente da decisão do presidente de retardar ao máximo a divulgação sobre a disputa de outubro.
"O presidente insiste que antes de junho ele não quer saber dessa conversa. Falei com ele na semana passada: "Olha, presidente, o sr. tem que olhar a questão da candidatura com naturalidade, organizar isso, até porque muitos ministros vão deixar o governo". Ele disse que não quer falar antes de junho", disse Palocci em Moscou, onde participa, como convidado, do encontro dos ministros das finanças do G8 (os sete países mais ricos do mundo e a Rússia).
"Eu acho junho um pouco tarde, mas ele tem esse estilo, que não quer fazer nada antes de junho", completou o ministro.

Situação favorável
Na avaliação dele, a atual situação econômica e social do país é favorável a Lula. "Tenho dito a ele que acho importante que ele seja candidato, porque ele mostrou que é possível combinar um projeto de estabilidade com um olhar social, que muda de qualidade o processo de distribuição de renda, a educação. Penso que um período mais longo de governo com essas características fará bem ao Brasil."
"O lado que ele [Lula] aborda eu acho muito correto: a reeleição trouxe a questão da candidatura no governo. Se ele antecipa o processo eleitoral, vai trazer o país a olhar mais a candidatura do que a própria atuação do governo."

Coordenação de campanha
As informações de que vai deixar o cargo para coordenar a campanha de Lula ou para assumir o ministério das Relações Institucionais foram classificadas pelo ministro como especulação.
Palocci disse que continuará na Fazenda "até o final do governo, se o presidente assim quiser".
"Já estou chegando à conclusão que, quanto mais eu falo que não, mais é publicado que é. Mas vou ser bem franco: gosto de muito da atividade política, e uma das coisas boas que fiz com muito gosto foi participar da coordenação da campanha. Mas hoje acho que é mais importante o trabalho que estou fazendo para o presidente e para o país. Ele não precisa da minha participação na coordenação de campanha."
Em entrevista concedida ao programa "Show Business", de João Dória Jr., que vai ao ar no domingo, na Rede TV!, o ministro deu a entender que aceitaria a possibilidade de deixar o atual posto para coordenar a possível campanha de Lula.
Sobre os recentes ataques do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao PT e ao governo, ao afirmar em entrevista à revista "IstoÉ" que "a ética do PT é roubar", Palocci disse que o "bate-boca faz parte" do processo eleitoral, mas que "Fernando Henrique certamente trouxe um calor especial ao processo eleitoral totalmente desnecessário". "Mas cada um decide como abordar."


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Ministro deve ocupar vácuo político
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.