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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/LISTA DE FURNAS
Cúpula da comissão articula para que divulgador de lista fale antes de ex-diretor de Furnas; oposição quer que Thomaz Bastos deponha primeiro
PT quer levar lobista para a CPI na terça
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cúpula da CPI dos Correios
está tentando fechar um acordo
para que o lobista Nilton Monteiro seja ouvido na próxima terça-feira, um dia antes do ex-diretor
de Furnas Dimas Toledo. O lobista denunciou um suposto caixa
dois gerenciado por Dimas nas
eleições de 2002.
O PT está pressionando para
que Monteiro seja ouvido primeiro, mas a oposição é contra. O
presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o líder do
PSDB, senador Arthur Virgílio
(AM), conversaram ontem sobre
o assunto.
"Não estou aqui para pôr obstáculos, mas eu quero um fio de lógica. Se estou dizendo que ele é
um chantagista, vou trazê-lo aqui
para dizer que a lista é verdadeira?
Ele só virá depois do ministro
Márcio Thomaz Bastos [Justiça]",
disse Virgílio.
O lobista entregou à Polícia Federal uma lista em que 156 políticos, especialmente da oposição,
aparecem como beneficiários de
um esquema de caixa dois nas
eleições de 2002. No documento,
supostamente assinado por Dimas, estão seis integrantes da própria CPI dos Correios.
A princípio a oposição foi contra a convocação de Dimas, mas
depois recuou por avaliar que estava passando a impressão de temer as investigações. Dimas repetiu ontem em depoimento à PF
que a lista é falsa. Como ele deve
dizer o mesmo na CPI, os petistas
querem ouvir o lobista antes.
A oposição, por sua vez, insiste
em convocar o ministro da Justiça
como forma de pressioná-lo a se
pronunciar publicamente sobre a
autenticidade da lista. Tucanos e
pefelistas acusam Thomaz Bastos
de fazer uso político do caso em
ano eleitoral (leia texto abaixo).
Delcídio, assim como o PT, é
contra a convocação. "Estamos
aguardando a PF, inclusive preparando um ofício solicitando informações sobre a autenticidade ou
não desse documento. Acho que
esse é o caminho normal para esse
momento", afirmou o senador.
Serraglio reclama
O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), reclamou de ter que investigar o caso
de Furnas. Ele alega que o assunto
não faz parte do escopo dos trabalhos da comissão. "O que pudermos investigar e aprofundar no
tempo que temos, nós faremos.
Agora o que não pode é querer
que apresentemos resultados. Ao
mesmo tempo em que nos exigem uma conclusão, nos jogam
mais material. Estamos em uma
encruzilhada", disse.
A CPI prevê a apresentação do
relatório final entre os dias 15 e 20
de março para ser votado até o dia
15 de abril, prazo para a conclusão
dos trabalhos. Nesse meio tempo
a comissão pára uma semana devido ao Carnaval.
"Estamos determinados a concluir uma etapa, não temos como
avançar mais e estão jogando
mais material. Não tínhamos os
fundos de pensão e aceitamos,
não tínhamos o IRB [Instituto de
Resseguros do Brasil] e aceitamos. Agora temos Furnas", disse
o relator.
Delcídio foi reticente quanto à
acusação do deputado cassado
Roberto Jefferson (PTB-RJ) de
que o ex-diretor de Furnas ofereceu no ano passado R$ 1,5 milhão
a seu partido e o mesmo valor ao
PT, por mês, para se manter no
cargo. "Vamos aguardar, nossa
intenção é ouvir o Dimas e não tomar decisões que alarguem ainda
mais o horizonte de investigações
da CPI", afirmou.
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