São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/LISTA DE FURNAS

Cúpula da comissão articula para que divulgador de lista fale antes de ex-diretor de Furnas; oposição quer que Thomaz Bastos deponha primeiro

PT quer levar lobista para a CPI na terça

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula da CPI dos Correios está tentando fechar um acordo para que o lobista Nilton Monteiro seja ouvido na próxima terça-feira, um dia antes do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. O lobista denunciou um suposto caixa dois gerenciado por Dimas nas eleições de 2002.
O PT está pressionando para que Monteiro seja ouvido primeiro, mas a oposição é contra. O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), conversaram ontem sobre o assunto.
"Não estou aqui para pôr obstáculos, mas eu quero um fio de lógica. Se estou dizendo que ele é um chantagista, vou trazê-lo aqui para dizer que a lista é verdadeira? Ele só virá depois do ministro Márcio Thomaz Bastos [Justiça]", disse Virgílio.
O lobista entregou à Polícia Federal uma lista em que 156 políticos, especialmente da oposição, aparecem como beneficiários de um esquema de caixa dois nas eleições de 2002. No documento, supostamente assinado por Dimas, estão seis integrantes da própria CPI dos Correios.
A princípio a oposição foi contra a convocação de Dimas, mas depois recuou por avaliar que estava passando a impressão de temer as investigações. Dimas repetiu ontem em depoimento à PF que a lista é falsa. Como ele deve dizer o mesmo na CPI, os petistas querem ouvir o lobista antes.
A oposição, por sua vez, insiste em convocar o ministro da Justiça como forma de pressioná-lo a se pronunciar publicamente sobre a autenticidade da lista. Tucanos e pefelistas acusam Thomaz Bastos de fazer uso político do caso em ano eleitoral (leia texto abaixo).
Delcídio, assim como o PT, é contra a convocação. "Estamos aguardando a PF, inclusive preparando um ofício solicitando informações sobre a autenticidade ou não desse documento. Acho que esse é o caminho normal para esse momento", afirmou o senador.

Serraglio reclama
O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), reclamou de ter que investigar o caso de Furnas. Ele alega que o assunto não faz parte do escopo dos trabalhos da comissão. "O que pudermos investigar e aprofundar no tempo que temos, nós faremos. Agora o que não pode é querer que apresentemos resultados. Ao mesmo tempo em que nos exigem uma conclusão, nos jogam mais material. Estamos em uma encruzilhada", disse.
A CPI prevê a apresentação do relatório final entre os dias 15 e 20 de março para ser votado até o dia 15 de abril, prazo para a conclusão dos trabalhos. Nesse meio tempo a comissão pára uma semana devido ao Carnaval.
"Estamos determinados a concluir uma etapa, não temos como avançar mais e estão jogando mais material. Não tínhamos os fundos de pensão e aceitamos, não tínhamos o IRB [Instituto de Resseguros do Brasil] e aceitamos. Agora temos Furnas", disse o relator.
Delcídio foi reticente quanto à acusação do deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que o ex-diretor de Furnas ofereceu no ano passado R$ 1,5 milhão a seu partido e o mesmo valor ao PT, por mês, para se manter no cargo. "Vamos aguardar, nossa intenção é ouvir o Dimas e não tomar decisões que alarguem ainda mais o horizonte de investigações da CPI", afirmou.


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