São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 2007

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Congresso é ímã mesmo para derrotados

Parlamentares sem mandato circulam no Legislativo em busca de influência; alguns deles se envolveram em escândalos

Ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE) é um dos ex-parlamentares que continuam a ser vistos com freqüência em Brasília

LETÍCIA SANDER
ADRIANO CEOLIN

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo sem mandato, um grupo de ex-deputados continua a circular com desenvoltura no Congresso. Alguns têm cargos na máquina pública, outros ainda conseguem exercer influência política.
Deputado federal por três mandatos, o candidato derrotado ao Senado Moroni Torgan (PFL) é um deles. Ele podia voltar ao Ceará e ser reintegrado à Polícia Federal como delegado, mas continuou em Brasília.
Arrumou um CNE (Cargo de Natureza Especial) na liderança do PFL, com salário de R$ 7,5 mil. O pedido de nomeação foi feito no fim do ano passado pelo então líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ). "Como delegado e ex-presidente da CPI do Tráfico de Armas, pode colaborar muito com o partido", disse Maia.
Ex-presidente da Câmara que renunciou após ser acusado de cobrar propina do dono de um dos restaurantes da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE) também é visto com freqüência em Brasília. Na semana passada, foi até recebido pelo atual presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Antes de entrar no gabinete do petista, foi abordado por três funcionários de Furnas que pediam ajuda para impedir a demissão de trabalhadores terceirizados. "Vou ver o que posso fazer", disse Severino, que saiu da sala dizendo não ter conseguido atender o pedido.
Ex-líder do PMDB, José Borba, que renunciou em 2005 suspeito de envolvimento com o "mensalão", é outro visto com freqüência no Congresso.
"Não saí da política, saí do Congresso. Tem restos a pagar [de emendas] que vêm se arrastando", afirmou.
Ex-assessor de José Janene (PP-PR), também citado no escândalo do mensalão, João Cláudio de Carvalho Genu também ainda trabalha na Câmara. Segundo o último boletim administrativo da Casa, ele tem um cargo CNE na liderança do PP. No auge da crise do "mensalão", ele apareceu como sacador de dinheiro das contas do Banco Rural.


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