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Lula diz ter receita para o PT eleger seu sucessor em 2010
Presidente afirma a aliados que vitória depende de PIB maior, da melhora da política social e do uso de seu carisma
Petista avalia que disputa entre Serra e Aécio levará a divisão na oposição, que terá que enfrentar segundo turno contra nome lulista
DOS ENVIADOS A SALVADOR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito aos ministros e principais dirigentes do
PT que o partido conseguirá
eleger seu sucessor no Palácio
do Planalto em 2010 se seguir
suas recomendações políticas.
Avalia que não é um "jogo
perdido por antecipação" e que
os principais presidenciáveis
da oposição, os tucanos e governadores José Serra (SP) e
Aécio Neves (MG) se dividirão,
e terão de enfrentar um petista
ou um aliado do campo lulista
no segundo turno.
A receita de Lula para o PT
vencer em 2010 tem três pontos. O primeiro é a manutenção
de uma política econômica responsável, que combine a manutenção da inflação baixa com
crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) maior em média do que no governo Fernando Henrique Cardoso e nos primeiros quatro anos do petista.
Segundo Lula, é improdutivo
o PT abrir fogo contra a política
econômica e o Banco Central.
Anteontem, no jantar de comemoração dos 27 anos do PT, em
Salvador, Lula fez duro discurso para tentar enquadrar a legenda. Entre outros objetivos,
busca acabar com as críticas
públicas à política econômica.
Nas conversas reservadas,
porém, ele próprio se queixa da
condução da política monetária, dizendo que deseja maior
celeridade na queda dos juros
básicos da economia. Mas afirma que, toda hora que o PT ou
um ministro ataca o BC (Banco
Central), ele perde margem de
manobra para realizar suas
pressões de bastidor.
Exemplo: já está acertada entre Lula e o presidente do BC,
Henrique Meirelles, a troca do
diretor de Política Econômica
da instituição, Afonso Bevilaqua. No Palácio do Planalto,
Bevilaqua é tido como o maior
responsável pelo rigor monetário. Meirelles se comprometeu
a submeter a Lula o nome do
substituto de Bevilaqua.
Ao contrário de 2003, quando o presidente do BC teve carta branca para formar a sua diretoria, Lula deseja agora aprovar o perfil de novos dirigentes
do banco. Há expectativa de
que mais diretores saiam. Num
contexto de fogo cerrado contra o BC, Lula pode ser obrigado a colocar alguém tão ou mais
"conservador" do seu ponto de
vista do que Bevilaqua.
O segundo ponto da receita
lulista para o PT é a ampliação
das políticas sociais. Lula tem
afirmado que seus dois governos deixarão uma rede de proteção social mais robusta do
que a de FHC.
Crê que o "aperfeiçoamento"
de programas como o Bolsa Família, priorizando grandes centros urbanos e a juventude
mais pobre, vitaminarão o PT
nas eleições municipais de
2008 e em 2010.
Lula tem dito que o PT deve
se preparar para fazer alianças
mais amplas do que no pleito
municipal de 2004, tentando
fechar coligações com o PMDB
nas cidades mais importantes.
Por último, o presidente tem
falado em conversas reservadas
que em 2010, como não poderá
ser candidato, estará mais livre
para polemizar com a oposição.
Colocaria o seu carisma e peso
político a favor do escolhido.
(KENNEDY ALENCAR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E CONRADO CORSALETTE)
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